Laser: Um perigo ronda a aviação em Fortaleza/CE

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Adolescentes que residem em condomínios próximos ao Aeroporto Internacional Pinto Martins brincam de maneira, no mínimo, arriscada, apontando feixes de luz verde para aeronaves que se aproximam da pista de pouso.

O feixe parte de uma espécie de caneta que emite raio laser. O “brinquedo” é vendido em diversos pontos da cidade, principalmente em lojas de produtos importados e até por camelôs nas ruas do Centro.

O objeto não tem um uso definido. Por enquanto, a prática ainda não gerou nenhum acidente, mas já causou vários transtornos aos tripulantes de aeronaves comerciais e há registros desses casos no Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) do Ceará.

Riscos

A aterrissagem, segundo a coordenadora da Segurança Operacional da Infraero em Fortaleza, Cláudia Cunha, é um dos momentos mais críticos em uma operação aérea. Quando a tripulação se prepara para que a aeronave toque o solo no período noturno todas as luzes no interior dela são apagadas, para que a iluminação dos equipamentos da cabine possam ser melhor visualizados e haja uma completa visão das luzes da pista.

Os pilotos dizem que o feixe de luz verde toma toda a cabine causando uma espécie de cegueira momentânea e se mistura às luzes da pista. No ano passado ocorreram 11 contatos entre o piloto e a torre de controle por conta do fato. Este ano, até o começo do mês, foram 33.

A principal área de incidência dos raios é a cabeceira 13, cujos feixes de luzes seriam emitidos a partir dos bairros Parangaba e Montese. Dois adolescentes já foram flagrados em condomínios próximos do terminal praticando a ´brincadeira de mau gosto´. Eles não chegaram a ser punidos, mas, juntamente com os pais, foram alertados do perigo que estavam causando.

Quando ocorrem incidentes assim, as informações partem do piloto para a torre de controle e esta avisa à Ciopaer, que aciona a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). Imediatamente, o Centro determina que viaturas do Ronda do Quarteirão tentem localizar de onde estão partindo os feixes de luz.

A “saída” encontrada pelos órgãos envolvidos no assunto será a realização de uma campanha educativa que incluirá vídeos e palestras nas escolas. Cláudia Cunha, diz que já foram iniciadas palestras em que representantes da Base Aérea de Fortaleza explicam aos estudantes o que acontece na cabine das aeronaves quando o feixe de luz incide. “Alguns alunos disseram que participavam da brincadeira mas não imaginavam os riscos disso”.

O Aeroporto Pinto Martins registra por dia uma média de 140 procedimentos entre pousos e decolagens de aeronaves comerciais. O número inclui os táxis aéreos e os voos executivos. O superintendente da Infraero em Fortaleza, Wellington Santos, ressalta a necessidade de que todas as operações ocorram dentro das regras exigidas para que a segurança dos passageiros seja mantida. Ele afirma ser preciso o interesse e o empenho de todos os setores competentes no assunto para que haja uma medida que coiba o uso de raio próximo ao aeroporto.

Só neste ano já houve três reuniões para tratar do assunto. Nelas estiveram presentes representantes da Infraero, Ciopaer, Ministério Público e do Ipem. Uma das decisões tomadas foi a confecção de um formulário que deve ser preenchido pelo piloto, onde constam local, data, hora identificação e fase do voo em que o feixe foi visto.

Alerta

O coronel PM Nirvando Monteiro, comandante da Ciopaer, demonstra preocupação especial com o caso, já que a atitude aparentemente inocente pode causar acidentes aéreos de grandes proporções. “É preciso uma solução para o problema”.


Fonte: Diário do Nordeste


8 COMENTÁRIOS

  1. Realmente há que se encontrar uma solução o mais rápido possível para o uso deste tipo de dispositivo luminoso. Eu mesmo, num voo noturno em um dos helicópteros do CIOPAER-CE, fui “contemplado” com um disparo de um laser verde que rapidamente atingiu os meus olhos, causando um desconforto instantâneo além da ardência, causada pelo calor gerado por este tipo de apontador a laser.
    Neste mesmo voo noturno, foram avistados, pelo ou menos, uns 5 apontamentos a laser sobre a nossa aeronave, inclusive na orla marinha urbana de Fortaleza, próxima a uma tradicional feira de artesanato. O que chama atenção é o alcance e o calor gerado por este tipo de apontador, o que o torna em uma arma na mão de um marginal.

  2. Infelizmente, tal conduta já chegou à Florianópolis.

    Atenção os colegas aeronautas quando na aproximação final da cabeceira 32 de SBFL e durante sobrevoo próximo ao shopping Itaguaçú (cidade de São José) e região do Estreito.

    O SAER ,durante operação noturna ,já foi solicitado , tanto pela TWR e diretamente pelos Cmt´s. da aviação regular, em razão do comprometimento da segurança de voo face a utilização do laser.

    Por aqui, assim como acontece quando de pipas durante operação policial, estamos procedendo a identificação dos autores e , dependendo da situação,interpretando a atitude como tipo penal específico, previsto no Código Penal e legislção extravagante.

    Acredito que , da mesma forma que fizeram com relação às Rádios clandestinas, a ANAC poderia produzir e veicular matéria a respeito, tendo o caráter preventivo como objetivo imediato.

    Del. Senna
    PCSC

  3. Boa Tarde!

    Já tivemos 8 relatos esse ano em nossa empresa, Global Táxi Aéreo, envolvendo feixes laser.

    7 em Congonhas e 1 em Confins.

    Há leis contra essa prática, que se caracteriza como atentnado ao transporte aéreo. o Problema é que na maioria dos casos não é possivel identificar o meliante que comete tal atitude.

    O importante é relatarmos toda vez ao DECEA, ANAC, INFRAERO e quando identificarmos os autores, acionar a Policia Militar.

    Abraços

    Rodrigo Edson
    Safety Global

  4. Fortaleza está muito complicado,

    Aproximo com frequencia a noite na 13 de Fortaleza e das últimas vezes sempre tenho sido alvo desses lasers.
    Sempre reporto pra Torre, mas acho que fica dificil deles descobrirem de onde veem, ainda mais porque a maioria dos pilotos que aproximam não conhecem bem a area pois não são de la e nao conseguem reportar de onde estão vindo os lasers.
    Dia 22/08 tinham 03 lasers apontados pro meu cockpit vindo de direçoes diferentes.

    abraços

    Thiago Tarifa

  5. Estava num voo noturno e na decolagem um feixe foi dirigido à aeronave (eu era passageiro) no momento em que olhei para fora e consegui localizar o predio de onde vinha o feixe. S03°44’33,14″/W38°27’16,54″, um bloco de aptos perto de um galpão, na praia do futuro.

  6. Este é um assunto que já preocupa a aviação mundial, na última reunião do CNPAA ( Comitê Nacional de Prevenção de Acidente Aeronáutico ), na pessoa do Brig. Carlos, chefe do Cenipa-COMAer, apontou a preocupação das companhias aéreas e pediu ajuda à Aviação de Segurança Pública do Brasil, para auxiliar os órgãos de controle, em especial da Torre do Aeroporto, para identificar a origem dos pontos de laser e acionar uma viatura próxima para devida abordagem e condução à delegacia.
    Um fato recebte ocorreu em Brasília, onde a Torre acionou o helicóptero da PMDF ( Fênix 01 ) e logo localizou a origem do ponto, acionou a viatura e fez a condução do responsável à delegacia. Foi um fato novo em nossa atividade que mostrou mais uma atuação de nossa atividade, no auxílio à Segurança Operacional. Assim, oriento a todos os operadores que façam contato com os órgãos de controle de sua cidade e coloquem-se à disposição para auxiliá-los neste trabalho, visando coibir estes delitos, antes que tenhamos um acidente decorrente de laser.

    Atenciosamente

    TC Gonçalves
    CONAV – Presidente

  7. Aqui no litoral paulista também não estamos isentos desse mal. Durante voos noturnos temos sido alvo dessa prática que coloca em risco a segurança operacional de toda a missão. Infelizmente ainda estamos longe de uma rotina com identificação, detenção, registro e indiciamento dos responsáveis por tal prática, muitas vezes por desconhecimento das autoridades de polícia judiciária que não sabem da existência de lei específica sobre o assunto. Para os que se interessarem mais sobre o assunto a revista Conexão SIPAER do CENIPA publicou na edição de março/abril um artigo muito interessante sobre laser. O link para download é:

    http://inseer.ibict.br/sipaer/index.php/sipaer/article/view/80/116

    Abs a todos e bons voos !!

    Cap PM Gallo Rodrigues
    GRPAe/SP – Base Praia Grande

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