Paradigma da Liderança e da Chefia nos Processos de Gestão

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Marcus Vinicius Baracho de Sousa

Sem qualquer intenção de realizar uma pesquisa científica e apenas por simples curiosidade, perguntei a algumas pessoas, que exercem funções, em nível de supervisão, se reconheciam suas ações como sendo de um líder ou de um chefe. Apenas um dos entrevistados, respondeu que é um chefe, demais se definiram como líderes.

Às mesmas pessoas perguntei se gostariam de ter como gestor, um líder ou um chefe. Todos optaram pelo Líder.

lider1Perguntei então se seus “Gerentes” ou quem estava hierarquicamente acima, era um líder ou um chefe. Todos responderam que eram chefes.

Por fim perguntei se eles conseguiam apresentar a definição de líder e chefe. Cada um ofereceu um conceito diferente, porém, foi comum, entre eles, que o chefe é ditador, bravo, ameaçador, enquanto o líder é simpático, agregador, gentil e democrático.

Outra coisa que percebi, foi que ninguém se preocupou em avaliar essa percepção da chefia e liderança, dentro de um contexto organizacional, considerando as tarefas, objetivos, e planejamento estratégico.

Parece que todos gostam da figura do líder, não gostam do chefe, avaliam seus gerentes como chefes e se identificam como líderes. Ficou confuso? Vamos tentar analisar!

Não acredito que alguém possa ser líder ou chefe, em 100% das situações que se depara em uma Organização, assim como a liderança é relevante na condução de pessoas à realização de objetivos, pode seguir no sentido contrário, quando não está alinhada com os interesses organizacionais. Do mesmo modo, a chefia, se aplicada em forma de autoritarismo, e fragilizada pelo despreparo, conduz a força de trabalho a exaustão e ineficiência.

Deve-se perceber que qualquer Organização é construída em torno de Processos Produtivos e de Pessoas para desenvolver produtos ou serviços. Líderes ou Chefes, que não estejam alinhados à missão organizacional, despreparados ou desvirtuados, serão prejudiciais à gestão, independente da característica individual ou tendência que cada um tenha, dificultando a realização de projetos, bloqueando o progresso.

Cabe lembrar que uma forma de minimizar isso é estabelecer bons métodos de seleção, adequados às expectativas organizacionais, buscando identificar comportamentos que poderão deformar o clima organizacional, tornando-o hostil aos objetivos propostos. Deve-se instituir acompanhamento dos colaboradores (funcionários), antecipando alterações ou discrepâncias que possam comprometer o relacionamento positivo, entre pessoas e o desenvolvimento das rotinas.

O Chefe é mal e líder é bom…? Não tenho certeza, pois, acredito na liderança como base de apoio ao desenvolvimento da Organização, mas chegará o momento em que o processo de decisão deverá ser consumado, para definir opções, estratégias, melhores caminhos, e se liderança não resolve, o chefe deverá fazê-lo e garantir o cumprimento da missão proposta.

Entendo que na devotada inovação do conhecimento, hoje globalizado, conceitos rígidos sobre chefia e liderança, podem tornar-se brandos, frente às mudanças de ambiente, que se apresentam às Organizações.

O subordinado sempre vai avaliar o chefe, porém, há que se considerar a questão estratégica da Organização, aspectos internos e externos que influenciam as decisões, sendo de difícil percepção, quando ponderado o nível hierárquico, em que o colaborador se encontra. Por isso, decisões que podem ser recebidas inicialmente, com reserva pelos funcionários, talvez representem grande avanço para Organização, ganhando o devido reconhecimento, posteriormente.

Ações negativas, independente da origem, de nada adiantam às pessoas, processos ou produtos/serviços, levam à derrota, e derrota gera desemprego, flagelo e indefinições para o futuro.

O ambiente organizacional favorável terá base na gestão participativa, lisura, publicidade e decisões claras, minimizando efeitos perversos de maus chefes e líderes contraproducentes, que não encontrarão espaço para prosperarem. A valorização de funcionários, que colaboram com o clima positivo e contribuem com a estratégia definida, leva a uma corrente do bem que vai fortalecer a confiança interna e externa.

Acreditamos que todos são chefes autônomos, na esfera de sua atribuição, tomando decisões todos os dias, no exercício de suas atividades, podendo conduzir pessoas para que realizem e participem dos processos produtivos, desenvolvendo liderança dentro desse contexto.

Colabore, ajude, exerça liderança positiva e patrocine uma atmosfera aderente a boas iniciativas, contribuindo com o crescimento de todos e inibindo posturas negativas e prejudiciais ao desenvolvimento. Entenda que seu chefe tem responsabilidades, e pode estar vislumbrando aspectos que você desconhece e, em razão disso, tomou determinada decisão.

Bons voos, com boa gestão!


Autor: Bacharel em Direito, Incentivador da aplicação dos Conceitos de Gestão de Qualidade na Aviação de Segurança Pública e Defesa Civil, Piloto Policial do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo. São Paulo/SP, 2015.


2 COMENTÁRIOS

  1. Excelente consideração sobre o tema.
    Reporto ainda, meu amigo Baracho, que Chefe todos são, desde que tenham alguém sob sua “responsabilidade funcional”.
    Agora, Liderança é a forma de exercer a chefia com a “responsabilidade social” inerente ao cargo. O termo social deve ter amplo entendimento e ser aplicado em todos os sentidos e direções.
    A confusão que se faz é de que o líder deixa tudo e o chefe deixa nada, o líder passa a mão na cabeça e o chefe pune, e assim por diante nas mentes que traduzem a própria ineficiência.
    A cultura da organização deve conduzir ao propósito da responsabilidade social em todos os níveis. Mas, por algumas vezes, a socialização dessa responsabilidade também requer ações firmes de liderança, as quais podem ser confundidas.
    Portanto, entendo a liderança como o formato ideal de relacionamento funcional entre chefes e subordinados, via de mão dupla na missão e nos objetivos organizacionais
    Bons voos!

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