Pouso de helicóptero em locais que não atendem ao previsto, sem planejamento e experiência na operação

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Finalidade

Alertar pilotos e operadores de helicópteros quanto aos cuidados a serem adotados para a realização das operações ocasionais, observando no planejamento dos voos aspectos como rampa, componente de vento, eixo de proximação/arremetida e dimensões das áreas utilizadas para pouso.

Histórico/Análise

A aeronave AS-350B2 decolou do Aeródromo de Porto Seguro – BA, com apenas o piloto a bordo. Após dez minutos de voo, pousou nas proximidades da Praia de Trancoso, onde embarcaram cinco passageiros. Após a realização de um voo panorâmico sobre o litoral, o piloto conduziu a aeronave para pouso em uma área descampada situada ao lado de uma propriedade, realizando um sobrevoo do local, para reconhecimento.

Durante o sobrevoo, o piloto recebeu a solicitação de um dos passageiros para que realizasse o pouso em um deck localizado no terreno da propriedade. Tratava-se de um deck de madeira, no formato de um quadrado, com 8m de lado, localizado no extremo de uma encosta, que por sua vez tinha aproximadamente 150m de altura.

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O piloto decidiu pousar no deck e, após a aproximação final, ao realizar o flare visando à redução da velocidade, o piloto ouviu um barulho característico do contato das pás do rotor de cauda da aeronave contra a vegetação, seguindo-se de uma guinada do helicóptero à esquerda.

Com o intuito de manter o controle da aeronave e de evitar o choque contra obstáculos (residência e árvores) situados adiante, o piloto aplicou pedal direito, simultaneamente com a aplicação do coletivo para cima e do cíclico à frente e à direita. e a aeronave subiu cerca de 5 metros, deslocando-se à frente e à direita, vindo, o rotor principal, a colidir contra a copa de dois coqueiros e uma árvore. Após ultrapassar o muro da propriedade, a aeronave deslocou-se em torno de 28 metros à direita do deck, girando o nariz para a direita. Durante este trajeto, o piloto abaixou o comando do coletivo. Com isso, a aeronave perdeu altura até ocorrer o impacto contra o terreno.

O helicóptero sofreu danos substanciais na fuselagem, conjunto do rotor principal, boom de cauda, eixo de transmissão traseiro, esqui de pouso do lado direito, pás do rotor de cauda e motor. Os seis ocupantes permaneceram ilesos.

De acordo com a investigação realizada, considerando-se as dimensões do helicóptero e do deck de madeira, bem como as distâncias entre o próprio deck e os obstáculos (muro e árvores) existentes nas proximidades, pode-se afirmar que a área escolhida para a realização da operação ocasional não atendia aos parâmetros estabelecidos nos incisos (i) e (ii), do n° 7, da letra “a”, do RBHA 91.327.

A experiência do piloto se caracterizava pela atuação predominantemente na função de segundo piloto, tendo realizado poucos voos exercendo as funções de comandante. Ele havia ido poucas vezes a Porto Seguro, não tinha conhecimento sobre a geografia da região e nem do local de pouso.

A investigação concluiu que o piloto deixou de avaliar os riscos decorrentes da realização de uma operação ocasional em área desconhecida e que não atendia aos requisitos estabelecidos na legislação pertinente, sem que para tal contasse com a experiência suficiente. Além disso, não houve uma preparação adequada para a realização do voo que ficou evidente quando o piloto tentou realizar o pouso no deck, sem ter avaliado antecipadamente as características físicas do local.

É provável que as falhas de desempenho operacional do piloto estivessem relacionadas à sua pouca experiência na atividade aérea, na operação da aeronave como comandante e nas circunstâncias da operação.

Ações recomendadas

Operadores e pilotos de helicópteros deverão estar cientes dos cuidados a serem adotados para a realização das operações ocasionais, avaliando adequadamente aspectos como rampa, componente de vento, eixo de aproximação/arremetida e dimensões das áreas utilizadas para pouso.

O Relatório Final completo pode ser acessado aqui.

Obs.: Esse Alerta de Voo foi produzido pela ANAC em atendimento à Recomendação de Segurança de Voo A-42/CENIPA/2014-RSV 001, emitida pelo CENIPA.

Acesse também os demais Alertas de Voo na página da ANAC, e tome conhecimento de informações importantes para garantir a sua segurança operacional. Adicione o link Alerta de Voo a seus sites favoritos e fique sempre atualizado com as lições extraídas dos acidentes.

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