A importância da simulação e dos simuladores no treinamento de equipes aeromédicas

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Pressão de tempo, pacientes em estado crítico e equipamento mínimo são exemplos de como os membros da tripulação aeromédica de helicópteros tem que pensar rápido, adaptando-se à situação dada em segundos. Muitos procedimentos podem ser ensinados em sala de aula, onde o uso da simulação para formação é uma parte essencial do curso.

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A simulação permite aos participantes praticarem as partes não clínicas de seus trabalhos, além de cuidar de um paciente – de modo que os procedimentos médicos, a comunicação da tripulação, a consciência situacional e a necessidade de tomar decisões rápidas sob condições estressantes, sejam todos praticados ao mesmo tempo.

O treinamento que provê cenários de simulação são indispensáveis para operadores de ambulância aérea, observa Brad Matheson do operador aeromédico US Priority1, bem como contratar pilotos de helicóptero e pessoal médico com a experiência de voo necessárias para que possam atuar como um membro efetivo da tripulação, incluindo habilidades como CRM, consciência situacional, desembarques em área restrita, busca e salvamento, avaliação de local de pouso e coordenação/operação com óculos de visão noturna.

Celeste Alfes, professora associada e diretora do Centro de Recursos de Aprendizagem da Escola de Enfermagem Frances Payne Bolton da Case Western University, em Cleveland, EUA, escreveu em seu trabalho acadêmico “Taking Simulation to New Heights: Designing a Flight Simulation Center” que cenários de simulação específicos para transferências aeromédicas permitem que as equipes pratiquem efetivamente a comunicação, desenvolvam um plano de atendimento à vítima e efetuem procedimentos de intervenção em tempo real.

O Centro de Treinamento prepara enfermeiros para trabalhar em ambientes não estruturados, organiza treinamento interprofissional de resposta a desastres e conduz pesquisa para a atividade prática em serviços aeromédicos.

A professora Alfes explicou como o treinamento de simulação é essencial para tripulações aeromédicas: “Simulações de missões de transporte aeromédico diferem de outros exercícios de simulação na medida em que ruído, luz, vibração, restrições de tempo, progressão da missão e uso de equipamentos de comunicação precisam ser combinados com o atendimento clínico do paciente. A simulação de alta fidelidade pode ser ainda um instrumento no treinamento interprofissional de equipes de voo para melhorar as habilidades através da qualidade e segurança no atendimento do paciente durante o transporte aeromédico”.

Simuladores

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Tomando um lugar de destaque no centro de treinamento está a fuselagem de um helicóptero S-76 adaptado para criar ambientes para educação profissional. Os efeitos de movimento, visuais e sonoros são todos integrados na fuselagem e as janelas foram substituídas por monitores de vídeo LCD para exibir imagens das diferentes fases de voo. Completa o ambiente de treinamento um interior aeromédico homologado pela FAA (Federal Aviation Administration).

Durante o treinamento, o instrutor tem a capacidade avaliar a capacidade dos participantes de gerenciar o paciente, fornecendo situações e dificuldades conforme necessário, e com a ajuda de duas câmeras GoPro montadas no interior e fones de ouvido podem ser acompanhados todo o desenvolvimento do treinamento. “A gravação das simulações de voo deu ao corpo docente a capacidade de rever e debater os cenários com os alunos, otimizando a experiência de aprendizagem deles”, disse a professora Alfes.

Outro centro de treinamento que utiliza uma maquete em grande escala de um interior de helicóptero é a operadora ADAC HEMS na Alemanha. O centro de treinamento possui um simulador completo de treinamento do H145, somando-se aos simuladores do EC135 e BK117.

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Thomas Gassman, diretor de desenvolvimento de negócios e vendas da ADAC, disse que ambos os simuladores de helicópteros estão totalmente equipados com todas as cenas típicas encontradas em um helicóptero de resgate. “Ambos equipamentos e todos os manequins são controláveis remotamente a partir de uma sala pelos instrutores”, acrescentou. “Além disso, os modelos estão equipados com instalações de vídeo e áudio, simulando sons de helicópteros, ruídos da torre de controle, etc. que são transmitidos para os capacetes da tripulação “.

A Luxemburgo Air Rescue (LAR) também oferece cursos completos de CRM para todos os membros da tripulação médica, em simulador, além de uma sala de simulação médica em que são oferecidos cursos sobre ressuscitação avançada, técnicas de gestão de vias aéreas difíceis e incidentes de sangramento e ressuscitação pediátrica.

Os membros da tripulação também se beneficiam em praticar partes de uma missão que ocorrem fora da aeronave, especialmente tratando pacientes no local de um acidente. Por exemplo, no Reino Unido, a Midlands Air Ambulance Charity abriu um Centro de Educação e Treinamento, com sala de simulação de cenários, na base aérea de Tatenhill.

Ian Jones, supervisor da tripulação aeromédica, disse que a sala de simulação inclui equipamentos médicos e adereços, que permitem enfermeiros e médicos de voo atuarem em vários cenários como parte de sua formação médica avançada. Segundo Jones, a sala permite a simulação de ambientes internos e externos e é “única” no setor de ambulâncias aéreas do Reino Unido.

The SimMan 3G wireless robotic human is prepped for training in the 27th Special Operations Medical Group at Cannon Air Force Base, N.M., June 21, 2012. The SimMan 3G is capable of mimicking nearly any bodily function necessary for the purpose of medical training. (U.S. Air Force photo by Airman 1st Class Alexxis Pons Abascal)
The SimMan 3G. U.S. Air Force photo by Airman 1st Class Alexxis Pons Abascal.

Os enfermeiros e médicos que treinaram usando os manequins na arena da simulação dizem que as versões modernas são “um passo enorme mais próximo” aos pacientes humanos reais. Com o SimMan, o driver de simulação pode alterar os parâmetros remotamente e nós somos capazes de combinar as conclusões com nossas avaliações clínicas. Atualmente, é o mais próximo possível de um paciente real.

O compartilhamento das instalações para formação significa que o investimento original feito por uma organização pode ser recuperado quando outros fazem uso dela. De acordo com a LAR, os médicos de voo acham que o aspecto mais importante dos cursos da empresa é “a combinação de um forte elemento teórico com a prática regular – treinamento recorrente em um ambiente realista.

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Os cursos foram desenvolvidos pela LAR quando constatou-se a falta de cursos adequados disponíveis noutros locais para o seu pessoal. Ao longo do tempo, os cursos foram ajustados e aperfeiçoados, com formadores do lado médico e da aviação, permitindo-lhes oferecer “verdadeiros cursos aeromédicos”.

Outra instituição do Reino Unido que desenvolveu uma instalação similar é Hampshire e Isle of Wight Air Ambulance, que recentemente abriu uma nova instalação de treinamento de simulação que tem a capacidade de projetar uma série de incidentes simulados, com movimentos e sons.

“Este equipamento nos permite praticar com segurança muitas das habilidades técnicas e não técnicas necessárias para uma equipe de cuidados críticos”, disse o consultor da HIOWAA, Els Freshwater. “Em um dia de treinamento recente, fomos capazes de simular uma série de cenários, incluindo um paciente que havia sofrido um acidente em uma floresta, um ciclista que tinha sido derrubado em uma estrada movimentada e um pedestre que tinha sido atingido por uma van em uma área residencial”.

Mesmo à medida que as soluções digitais se desenvolvem, a simulação analógica tradicional, por exemplo, simulações de cenas de trânsito de veículos usando carros reais e atores como pacientes, continua sendo uma ferramenta útil.

O curso de tripulação aeromédica oferecido pelo Great North Air Ambulance Service do Reino Unido oferece a oportunidade de participar de um exercício tático multi-agência que envolve o serviço de bombeiros, policiais, serviço de ambulância terrestre e agentes de trânsito.

Outro elemento do curso dá aos médicos a oportunidade de praticar suas habilidades em condições de pouca luz, com um cenário noturno com múltiplas vítimas envolvidas em um acidente de carro, onde testam a consciência situacional, gerenciamento de recursos da tripulação e habilidades de cuidados intensivos.

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Tarefas de voo

As missões HEMS não tratam apenas sobre a equipe médica que cuida do paciente – os helicópteros em suas decolagens e pousos podem ser um negócio perigoso. Manter a tripulação completa e atualizada com as últimas técnicas de segurança é uma parte essencial do treinamento.

Com o seu simulador, a Priority1 Air Rescue tem a capacidade de replicar 20 tipos diferentes de helicópteros, incorporando modelos sintéticos realistas específicos para a estrutura, comunicações internas / externas, condições climáticas, dia/noite, etc.

Algo tão simples como detectar um incidente de tráfego aéreo, desvios de obstáculos do rotor, CRM e tarefas em que as pessoas muitas vezes aprendem de forma reativa no campo, podem experimentar proativamente no ambiente de aprendizado sintético que fornece um cenário de missão “real” HEMS e que pode manter uma equipe segura.

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O desafio financeiro e a redução de custos

O próximo benefício é a economia de custos, porque os operadores comerciais e públicos não têm orçamento disponível para fornecer todas as horas necessárias para realizar a quantidade ideal de voos para executar todos esses módulos de treinamento, no entanto, com a simulação, podem ser realizados os treinamentos em um curto período de tempo e sem necessidade de realizar voos, reduzindo inclusive custos de manutenção e de combustível.

Não há dúvida de que o treinamento de simulação de missões para médicos e enfermeiros de voo é de grande benefício para todos os membros da tripulação. Se é o uso de uma maquete em escala completa de um helicóptero, ou uma sala em que uma situação é projetada nas paredes com um manequim com lesões simuladas, a miríade de opções disponíveis para os profissionais de saúde é impressionante e essencial para o seu desenvolvimento profissional contínuo.

Tradução e adaptação Piloto Policial, AirMed&Rescue Magazine.

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