As cinco atitudes perigosas de um piloto

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Estar apto para o voo não é mais do que uma questão de licença, de experiência recente, e de condição física. Mas além disso, as suas posturas influenciam as suas decisões, e portanto a sua própria segurança. As “posturas” aqui em questão são disposições individuais para responder às pessoas, aos acontecimentos e às situações diversas.

Desde os primeiros estudos sobre o comportamento dos pilotos, há mais de trinta anos, os especialistas identificaram cinco tipo de atitudes perigosas. É sobretudo o estudo dos acidentes que permite aos investigadores determinar a periculosidade evidente em alguns comportamentos. Numerosas autoridades aeronáuticas impõem aos pilotos que se tenha consciência dessas cinco atitudes, e elas deveriam ser tema de questões em exames teóricos, desde a primeira habilitação de piloto privado.

Essas cinco atitudes perigosas são:

IMPULSIVIDADE

“Rápido, rápido, rápido.” O piloto impulsivo sente a necessidade de fazer tudo de forma acelerada e sem intervalos. Ele não avalia antes o que ele vai fazer, e faz logo o que vem na cabeça.

INSUBORDINAÇÃO

“Não me diga o que eu tenho que fazer.” O piloto insubordinado acredita que as leis, regras e procedimentos não são úteis, pelo menos para ele. Ele pensa que ninguém pode lhe dizer o que deve fazer.

INVULNERABILIDADE

“Isso não vai acontecer comigo.” Alguns, ainda que digam o contrário, pensam que os acidentes só acontecem com os outros. Os pilotos que pensam assim estão mais sujeitos a assumir riscos, pois, apesar de saberem que acidentes acontecem, eles não se sentem abrangidos pela possibilidade de provocar um.

EXIBICIONISMO

“Eu sei fazer.” Os pilotos ‘machos’ procuram mostrar a sua superioridade sobre os outros; eles têm tendência a assumir riscos para impressionar os outros. Mesmo considerando essa atitude como típica de homens, há também pilotos mulheres que podem ser acometidas por ela.

RESIGNAÇÃO

“OK, tudo bem…”. O piloto resignado não se sente capaz de fazer diferença diante do que acontecer. Ele tem tendência de atribuir os imprevistos ao ‘azar’. Ele deixa os outros agirem por ele, seja para melhorar ou piorar. Às vezes um piloto aceitará cobranças pouco razoáveis apenas para ser “simpático”.

E não é suficiente conhecer as cinco atitudes perigosas; é necessário também procurar permanentemente escapar delas. Portanto é preciso questionar-se sobre seus próprios comportamentos. Um momento chave para isso é quando precisamos tomar uma decisão considerável, tal como cancelar ou não um vôo, assumir ou não uma proa.

Examinemos nossa decisão para ver se ela não está prejudicada por um dos cinco fatores “fazedores de viúvas”. Avaliemos nossa perfomance pessoal por meio de uma análise clara dos nossos próprios conceitos de situações que são perigosas, para que, por meio disso, nos conheçamos melhor. É provável que certas posturas nos sejam mais familiares do que outras, todas podendo afetar o voo de alguma forma, de acordo com as circunstâncias.

Não é possível modificar profundamente nossas características pessoais, mas é perfeitamente viável modificar os comportamentos. Por exemplo, a nossa impulsividade pode ser combatida por meio de um trabalho constante. Para nos aperfeiçoar, devemos constantemente verificar se costumamos adotar posturas perigosas e verificar quando isso acontece, para que, quando acontecer, possamos aplicar o ‘antídoto’. Os descobridores dessas atitudes também definiram um “contrapeso” para cada uma delas. E o objetivo aqui é também conhecer esses simples “antídotos” tão bem quanto as próprias atitudes perigosas.

Aqui estão os “antídotos” para essas atitudes:

IMPULSIVIDADE: “Não tão rápido, vamos avaliar antes.”

INSUBORDINAÇÃO: “Siga as regras, elas são úteis.”

INVULNERABILIDADE: “Isso pode acontecer comigo.”

EXIBICIONISMO: “Dar chance ao azar é loucura.”

RESIGNAÇÃO: “Eu não estou sem alternativa; eu posso melhorar isso.”

Para concluir, se algum jovem piloto eventualmente tiver sido impressionado pela imagem que passam de certos pilotos “invulneráveis”, rebeldes ou excessivamente seguros de si, eu posso garantir, pela experiência que tenho, que as verdadeiras qualidades de um aviador são uma espécie de resumo desses “antídotos”: calma, respeito às regras, consciência dos riscos, humildade, persistência.

Bons voos!

Fonte: IHST, via Aeromagia.

7 COMENTÁRIOS

  1. Mais uma bela matéria veiculada por esse nobre veículo de informação aos eaeronavegantes.
    São trazidos a baila conceitos simples e objetivos que se cumpridas pelos pilotos serão evitados muitos acidentes.
    Então falemos mil vezes se preciso for esses tão importantes preceitos.
    Parabéns a redação.

  2. MUITO OPORTUNA A MATÉRIA POSTADA, ONDE NOS FAZ ANALISAR QUE DE ALGUMA FORMA OU EM DETERMINADAS SITUAÇÕES, NOS INSERIMOS NO CONTEXTO APRESENTADO.
    DESTA FORMA, CONCLAMO AOS AMIGOS AERONAVEGANTES QUE AVALIEM SUAS CONDUTAS E REVEJAM SEUS CONCEITOS, ORA SEMPRE BUSCANDO UMA OPERAÇÃO SEGURA, POIS SAIBAM QUE: “HÁ ALGUÉM SEMPRE NOS ESPERANDO”
    FORTE ABRAÇO A TODOS E QUE DEUS NOS PROTEJA.

  3. Nesses 27 anos de profissão já vi de tudo um pouco: pilotos ruins e que preenchiam todos os requisitos do texto e, da mesma forma, pilotos bons que se adequavam, em certos momentos, a algum desses adjetivos. Muitas vezes a máquina permite erros e a famosa pedra de dominó derradeira é tirada da cadeia de eventos e, assim, a trajédia não acontece.
    Como também há mecânicos ruins que dão muita sorte em trabalhar em aeronaves que permitem que seus enganos não virem desastres. Muitos desses maus mecânicos são arrogants ao ponto de nunca baixarem a guarda para ouvir ou mudar de opinião!!
    Mas, somente a comunicação franca e sincera entre os membros de uma equipe ou tripulação pode mitigar que pessoas assim sobrevivam dentro de uma empresa séria! Aviação tem que andar lado a lado com a filosofia da confiança mútua entre piloos de uma tripulação, pilotos e tripulantes e mecânicos de uma equipe de manutenção.
    Luis Martins – insp. Mnt e mec. de voo FAB
    .

  4. Pertinente e muito bem escrita essa materia. Todos nos aviadores temos, em maior ou menor grau, pelo menos uma dessas caracteristicas citadas na materia. Cabe a nos mesmos GERENCIARMOS esses comportamentos com a aplicacao dos “antidotos”. Ja tive o prazer de voar com pilotos que, pela vasta experiencia que possuiam, sequer deixavam transparecer alguma caracteristica “fazedora de viuvas”; ao voar com outros, porem, cada comportamento negativo aqui citado era facilmente identificado em cada etapa do voo: antes no pre-voo (“vamos rapido, rapido!”), durante (invulnerabilidade e exibicionismo) e ate depois, no debriefing (insubordinacao e resignacao). Foi voando com esses pilotos “audazes” que aprimorei, cada vez mais, os meus “antidotos”!! Parabens pela materia! Bons voos a todos. Cmte Rodrigo Duton – MAJ PMERJ / Operacoes Aereas RJ

  5. Bom dia Srs (as). Texto técnico, claro e objetivo. A segurança de vôo e operacional é dever e se faz com a participação pró-ativa de todos (as) os integrantes da Unidade Aérea. Parabéns pela matéria. Excelentes vôos a todos (as). Edupercio Pratts – Ten Cel BM Cmt BOA CBMSC
    Twitter: @ARCANJO_01
    Facebook: Arcanjo Sc

  6. Boa tarde Aeronavegantes!

    Qual de nos não se enquadra ou se enquadrou num dos cincos erros citados?

    Excelente, Parabéns!

    Lembremo-nos dos nossos irmãos que partiram, talvez se tivessem tido essa oportunidade…

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