Na semana do Carnaval, campanha da ABAG pelo aumento da cobertura do resgate aeromédico no Estado de São Paulo ganha reforço

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São Paulo – Só nas rodovias privatizadas, 800 pessoas morrem todos os anos e a presença de mais helicópteros poderia reduzir dramaticamente o número. Durante o Carnaval, por exemplo, o número de acidentes aumenta e o Estado de SP tem um helicóptero aeromédico dedicado para cada 14 milhões de habitantes. Na Alemanha, é um para cada um milhão de habitantes

Com a aproximação do Carnaval e a preocupação com o aumento no número de acidentes nas estradas, a Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral) quer reforçar a campanha pelo aumento da cobertura do resgate aeromédico no Estado de São Paulo lançada no mês de janeiro. O objetivo é aumentar o número de helicópteros capazes de prestar socorro nas rodovias.

Helicóptero Águia da PM acionado para resgate na Rodovia Anhanguera, administrada pela Concessionária Autoban.
Helicóptero Águia da PM, bombeiros e policiamento rodoviário da PM atuando em resgate na Rodovia Anhanguera, administrada pela Concessionária Autoban.

Com 44 milhões de habitantes, o Estado conta apenas com três helicópteros aeromédicos para efetuar o resgate de acidentados, nenhum deles é 100% dedicado, pois pertencem à Polícia Militar e podem ser usados em outras missões, como perseguição de criminosos, por exemplo. Em outros países, como na Alemanha, a média é de um helicóptero dedicado para cada 1 milhão de habitantes e grande parte do sistema é privado, não público.

“Decidimos abraçar esta campanha em defesa da vida, um resgate aeromédico deficiente significa mais mortos em acidentes, porque o socorro por terra demora a chegar e leva mais tempo também até o hospital, e ainda deixa mais sequelas nos que sobrevivem”, disse Flavio Pires, diretor geral da Abag.

Além de sensibilizar a opinião pública para a questão, a entidade quer levar o debate para o Ministério dos Transportes e para outras instâncias das esferas públicas, pois as distorções nesta área são enormes e há muito a ser feito para evitar tantas mortes por socorro inadequado.

“Temos de acabar com o paradigma de que na área de emergências médicas a responsabilidade é toda do Estado. Nos últimos 30 anos, o mundo passou por transformações e o próprio Estado brasileiro percebeu que não tinha mais condições de suportar todas as demandas da sociedade e deu início a um processo de privatização, envolvendo inclusive as rodovias”, explica o Coronel da PM Carlos Eduardo Falconi que, comandando o grupamento Águia por mais de 20 anos, salvou centenas de vidas.

Cel Falconi é Membro da Comissão de Transporte Aeromédico da ABAG. Para ele, não faz sentido uma aeronave do serviço aeromédico público pousar em uma rodovia privatizada para complementar o serviço de resgate por ela oferecido.

“Isso deveria ser atribuição da concessionária, prevista em contrato e cobrada pelos usuários da via, aqueles que pagam os pedágios, que em última instância serão os beneficiados na eventualidade de um acidente.”

Já está comprovado que quanto antes a pessoa acidentada for submetida a tratamento adequado, especialmente dentro da primeira hora após o acidente, maiores são as chances de sobreviver e menores as sequelas.

“Um helicóptero com equipe médica a bordo chega em minutos ao local do acidente, presta o socorro imediato e decola em direção ao hospital mais próximo”, afirma o diretor geral da Abag.

O problema, segundo ele, vai além da falta de exigência para que as concessionárias tenham sua própria frota de serviço aeromédico, mas esbarra na dificuldade de uso de helipontos dos hospitais, tanto públicos quanto privados. “Vamos levar esta questão também aos prefeitos e aos órgãos reguladores, vidas são perdidas porque faltam ajustes burocráticos para esta questão.”

De acordo com o levantamento feito pela Abag, o Estado de São Paulo tem 39% das rodovias privatizadas do país e responde por 50% do tráfego em rodovias privadas. No ano passado, foram 13.777 acidentes, uma média de 1.148 por mês e 38 por dia, resultando em 785 pessoas mortas, duas por dia.

As receita do pedágio em todo Estado chegam a 9,3 bilhões de reais. As rodovias privatizadas não oferecem resgate aeromédico, apenas resgate com ambulâncias, via terrestre, ou seja, sujeito à distância e ao congestionamento provocado pelo próprio acidente.

13 COMENTÁRIOS

  1. “Para ele, não faz sentido uma aeronave do serviço aeromédico público pousar em uma rodovia privatizada para complementar o serviço de resgate por ela oferecido.”

    Então, nesse raciocínio, nem a polícia rodoviária, nem o bombeiro deveriam atuar no socorro de pessoas em rodovias administradas por concessionárias? É isso mesmo?

    Somente um comentário, apesar da concessão, a rodovia continua sendo pública e o serviço público é realizado por uma empresa privada que recebeu uma concessão do Estado.

    A pretensão é privatizar o serviço aeromédico ou incrementar o serviço público dos Águias da PM e do resgate do bombeiro?

    • Acredito que, pelo que li nessa e noutra matéria, a ideia é que o serviço aeromédico seja prestado também pela iniciativa privada. Oque fica subentendido no comentário do Cel Falconi é que, pelo menos no meu entendimento, ele deseja que as rodovias privadas também tenham serviço aeromédico, além do público.

      • Correto o entendimento. O serviço prestado pelos Águias é inigualável. O resgate nas Marginais, nas praias, nas ilhas do litoral devem ser do Grpae. No entanto, há rodovias privatizadas no Estado, cujos contratos constam parâmetros de atendimento com velocidade que só o helicóptero pode cumprir. A Concessionária não quer colocar o serviço de resgate aeromedico e então aciona o Águia de serviço sem pagar nada. E o Grpae atende como pode pois são abnegados e responsáveis. Mas estão gastando recursos do sistema que poderiam ser usados em outras operações. E isto sem contar o transporte inter-hospitalar no periodo noturno. Hoje em Sao Paulo, só está acessivel para quem tem dinheiro para pagar um Taxi Aereo especializado ou ter o Plano de Saude da Prevent Senior que tem helicopteto biturbina aeromedico dedicado. Sds, MAURO AYRES / PLAH 0552.

  2. Prezados Roberto e Julio Cesar.

    A ideia é ter o serviço privado complementando o serviço público, assim como é feito na Europa (Alemanha, França, Suíça, Espanha etc) e nos EUA.

    Um serviço complementa o outro.

    Se nos países mais ricos e mais avançados no tratamento do tema “Segurança Humana” o Estado não consegue arcar com o custo de todo o serviço, quiçá no Brasil.

    É óbvio que os Águias continuarão fazendo o mesmo serviço, mas não é justo que somente o GRPAe o faça, uma vez que 100% das operações aeromédicas no Estado de São Paulo são feitas pelos helicópteros da PMESP.

    O público precisa começar a questionar se o serviço de resgate que está sendo feito em nossas estradas está dentro do que o mundo preconiza como o melhor para a sobrevida das vítimas e com a menor sequela, o que só é possível levando o médico ao local do acidente dentro dos chamados “minutos de platina”, ou seja, em no máximo 10 a 15 minutos do momento do acidente.

    Na minha opinião e experiência de 27 anos na atividade pública Aeromédica, nunca o Estado terá condições de alocar recursos materiais e de pessoas qualificadas no nível que o cidadão paulista precisa e merece.

    Grande abraço!

  3. Primeiramente precisamos saber se nas rodovias privatizadas, de quem é a responsabilidade por prestar tal serviços? Sabemos que o governo seja Federal ou Estadual não tem competência para fornecer o básico que está na Constituição, imigine um serviço altamente especializado como o resgate aeromedico? O fato é que seja via pedagio ou DPVAT, com apoio do Ministério da Saúde e Ministério dos Transportes, a população e os usuários destas rodovias só terão a ganhar, é preciso que se ressalte que a agilidade com o uso do helicóptero trará muito mais chances de sobrevida do paciente, além da economia no uso dos leitos dos Centros de Terapia Intensiva.

  4. Quero esclarecer que a ABAG criou uma Comissão de Transporte Aeromedico para estudar os diversos aspectos do serviço de resgate e transporte aeromedico. A realidade desse serviço no mundo é bem diferente do que existe hoje no Brasil. Na Alemanha existem 2 operadores Civis que complementam o serviço público. São o DRF e o ADAC. Ao todo são 125 helicópteros biturbina em 74 bases espalhadas pelo país. Só o ADAC atende 100.000 ocorrências por ano. No mundo, existem pouco mais de 2000 helicópteros dedicados ao E.M.S dos quais 1.000 estão nos Estados Unidos. No Brasil são 26 dedicados apenas. Para chegarmos a uma média de 1 he para cada meio milhao de habitantes, nós precisamos de imediato de 300 helicópteros dedicados. Obviamente que os Governos nunca terão recursos da Saúde para tal investimento. Portanto, a saída é a iniciativa privada para complementar o serviço público. Legalmente é possível. Sds, MAURO AYRES / PLAH 0552

  5. Entendo que o sistema é mais amplo, e vai além da aquisição de aeronaves, por isso, devem ser considerados os demais setores envolvidos, pois assim, chega-se a uma solução aceitável e sustentável.

    Bons voos, com boa gestão!

  6. Já deveria haver uma lei federal neste sentido exigindo das concessionárias ou do poder público a manutenção de uma aeronave para as necessidades, tudo dentro dos padrões internacionais
    A vida é uma só
    É a tecnologia tem que evitar ao
    Maximo a sua frágil existência!!!

  7. Concordo com o posicionamento do Coronel Falconi. Como exemplo de uma tragédia recente lembro o acidente que vitimou no último dia 27 de janeiro o goleiro do Guarani, Wallace, na Rodovia dos Bandeirantes, administrada pela concessionária AutoBAn, no Km 140 em Limeira-SP.
    O resgate da AutoBAn foi acionado e, ao chegar, constatando a gravidade dos ferimentos, acionou o helicóptero da PM, o Águia, que chegou mais de meia hora depois do ocorrido.
    A pergunta que se faz é porque o resgate da rodovia não tinha médico no local de tal modo que precisou acionar o Águia?
    Não tenho dúvidas de que o goleiro teria mais chances se de início uma aeronave com médico tivesse pousado até uns 10 a 15 minutos do acidente. Quiçá nem teria falecido.

  8. Amigos o trabalho do aguia e fantastico .mas necessita demais de outras aeronave particulare no trabalho .pois ex . A rodovia que liga sao paulo Paraná no trecho da Serra .não pode acontecer nada pois passa neste local vários caminhões transportando produto químico e não tem nenhuma alça de acesso para viaturas próximo aos viadutos somente com aeronave .se próximo tivesse um ponto aeromedico.salvaria muita gente . Acredito que o futuro está próximo para que empresas particulares assuma o trabalho de atendimento ao usuário das rodovias nossas . O coronel Falconi e um heróis .pois comandou todo este tempo lutando contra bandidos e salvando pessoas . Um trabalho honrado .mas os nossos governantes acorda para a situação das nossas estrada . Melhorou muito a rodovias mas necessita realmente de colocar aeronaves espalhadas nas nossas rodovias .pois salvará muitas vítimas. Parabens a matéria super interessante. Gostei da atitude de todos na defesa das nossas rodovias .São Paulo e a melhor .

    Ari Santos
    Conhecido como Ari Conab

  9. As concessões das rodovias brasileiras deveriam ser revistas, pois muito se dá a elas e muito pouco se tem de retorno, tornando-se um excelente negócio para elas.

    A falta de médicos capacitados e treinados em APH, determinam em muito, o péssimo prognóstico das vítimas de acidentes, pois, um atendimento adequado nos primeiros instantes do fato ocorrido, minimizam as sequelas.

    A falta de comprometimento das empresas geram aumento considerável de indenizações que serão pagas pelo Estado.

    As próprias concessionárias dizem que caso haja alguma solicitação de apoio médico, eles devem solicitar o apoio das USAs ou do Águia, isso em SP que são bons, eficientes e baratos.

    Fica uma sugestão, já que é assim, porque as concessionárias não pagam as custas deste serviço publico aos cofres do governo, que não são baratos, ou banquem suas próprias equipes.

  10. Alguns contratos de concessão prevêm que a concessionária aparelhe a policia rodoviaria, seja estadual ou federal. Nesse contexto, as concessionárias locam viaturas que sao caracterizadas para uso policial. Acredito que seria uma alternativa prática a inclusao no contrato de concessão algo parecido com a aeronaves. Desta forma, a concessionária locaria a aeronave que seria operacionalizada pela polícia ou bombeiros. Assim, o serviço continuaria a ser público, porém mantido com os recursos do pedagio. Além de que a aeronave pública não necessitará de mudanças na legislação aeronáutica para operar nas rodovias.

    • Prezado L. Serafim,

      Apesar de pertinente e de ser uma proposta de modelo de negócios viável, comento sua proposta em dois aspectos:

      1. Não há nenhuma mudança aeronáutica necessária para operar uma aeronave privada nas rodovias ou qualquer área de pouso eventual não homologada, desde que a empresa que opere a aeronave seja SAE (Serviço Aéreo Especializado) na modalidade Aeromédica, sendo este o entendimento da ANAC. O próprio CBA (Código Brasileiro de Aeronáutica) já define a atividade em sua nova redação que está sendo ultimada no Congresso Nacional, já tem sido aprovado pelo Senado Federal.

      2. Apesar de parecer vantajoso para o Estado, fica muito fácil para o poder econômico das grandes oligarquias empresariais multinacionais que atuam no Brasil, especialmente em São Paulo, fornecer os meios, como viaturas, helicópteros e uniformes caracterizados conforme sua seugestao, mas deixa para o poder público o que é o mais caro: o profissional, como pilotos, médicos, enfermeiros, tripulantes operacionais, socorristas, bombeiros e mecânicos de aeronave, cuja formação envolve concurso público e aumento de efetivo.
      A PMESP não tem conseguido completar seus claros anuais uma vez que o êxodo de policiais militares e bombeiros tem sido maior do que sua capacidade de formação.
      Além do mais, a formação aeronáutica específica para o serviço público é por demais onerosa e demorada, ficando todo o ônus de administração e pagamento do pessoal para o Estado, que apesar de “saneado” pelo atual governo (que aí está há 22 anos), não consegue nem ao menos repor as perdas salariais de seu efetivo há mais de meia década, quanto mais sonhar em contratar mais funcionários públicos.

      Assim, não vejo outro modelo de negócio senão o mesmo da Europa e EUA, qual seja uma PPP, para enxugar a máquina estatal e extrair ao máximo do poder econômico privado o que eles podem bancar.

      Obviamente não se propõe aqui a substituição da gestão do sistema e nem o que os Águias, os Bombeiros e a Secretaria de Saúde (GRAU) têm feito desde sua criação, que completou este ano 28 anos, uma fez que a coordenação dos serviços continuariam com o serviço público (como é na Alemanha, França, EUA etc), tais como a triagem e destinação das vítimas ao menor hospital de destino, deixando espaço para o serviço público atuar na Região Metropolitana de São Paulo, onde há demanda reprimida e seriam necessárias mais bases regionalizadas de atendimento para os 22 milhões de habitantes, que homem dispõem somente de uma (às vezes duas) aeronaves dedicadas Aeromédicas.

      O difícil para o Estado (e o Governo que estiver de plantão) não é adquirir equipamentos, uniformes, viaturas e meios, mas sim seu pessoal, que demanda concurso público, na contramão do que é a atual política de enxugamento da máquina pública.

      A pergunta que fica é: como política de Estado, há condições de manter o mesmo modelo, que atende a não mais do 10% da população do Estado oi queremos buscar um paradigma que atinja a mais de 80% da população e que seja autossustentável?

      Grande abraço!

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