Padronização na Aviação de Segurança Pública

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MARCUS V. BARACHO DE SOUSA

Nos últimos dez anos, a aviação de segurança pública cresceu muito no país, seja por iniciativa de cada Estado ou com o apoio federal, utilizando helicópteros ou aviões, ficou comum a presença das aeronaves de segurança pública em apoio às atividades em terra, às mais variadas situações.

Guardadas às características de cada organização, as atividades aéreas de segurança pública, são semelhantes (salvamento terrestre, aquático, apoio ao policiamento rodoviário, ambiental, urbano, atividades de corpo de bombeiros, defesa civil , transporte de autoridades, transporte de órgãos, resgate aeromédico e outros), quanto à aplicação e usuários.

Percebemos, porém, que o procedimento para salvamento de uma vítima de afogamento na praia de Copacabana/RJ é diferente do Guarujá/SP, quando se trata do emprego da aeronave.  Considerando o GRPAe paulista, que hoje conta com nove bases destacadas, poderíamos sim, ter diferenças de procedimentos de uma base para outra, sendo aplicados para a mesma situação, o que não acontece, porque desde 2002 todos os procedimentos operacionais foram escritos e treinados.  É aí que entra a padronização de procedimentos.

A padronização tem se apresentado como uma ferramenta importante para a administração de qualquer Organização, traçando um caminho mais seguro e viabilizando níveis desejáveis de qualidade, produtividade, competitividade, controle dos processos e segurança no ambiente de trabalho, contribuindo para a obtenção de resultados e permitindo melhor descrição das funções. Facilita o processo de descentralização operacional, desburocratiza a administração, simplifica o processo de educação e treinamento dos profissionais, identifica os responsáveis pela realização do trabalho adequado e, sobretudo, diminui os erros profissionais.

O trabalho padronizado é mais eficiente, preservando recursos humanos, materiais e reduzindo custos operacionais, pois, busca a “melhor forma de fazer”. Na aviação, não importa o setor, a redução de custos operacionais sem perda da qualidade dos serviços é relevante e vai diferenciar as Organizações.

Outro fator positivo é que possibilita a participação de quem atua no setor, e está mais próximo do usuário, permitindo que o procedimento seja atualizado constantemente e fique mais adequado a necessidade de quem recebe o serviço (cliente) e mais seguro para o profissional (tripulantes, pilotos, mecânicos, etc.), além de preservar a imagem organizacional.

Uma Organização Policial que atua na aviação de segurança pública, e tem seus processos descritos, também leva vantagem nos contratos de seguro de suas aeronaves, pois, afirma a sua preocupação com os métodos que está utilizando para o desempenho de suas atividades e não apenas com os resultados, possibilitando a redução desse custo.

Resumindo, padronizar é deixar documentado como a Organização alcança seus resultados através da execução de suas atividades. É preservar a tecnologia, o conhecimento e, até mesmo, a história. É tornar cada processo previsível e, conseqüentemente, ter uma menor variação nos resultados da organização.

Você está convencido de que é importante padronizar a atuação de sua Organização, nas atividades Aéreas de Segurança Pública?

Na próxima, vamos conversar sobre como escrever um procedimento operacional padrão (POP).

Até Breve!


O Autor: MARCUS V. BARACHO DE SOUSA é Capitão da PMESP, atualmente é Comandante da Base de Radiopatrulha Aérea de São José do Rio Preto. Formado pela APMBB em 1996 e bacharel em Direito, participou entre 1999 e 2000 da comissão de criação dos procedimentos operacionais padrão da PMESP. O autor possui Curso de Comandante de Operações e Piloto Policial, 2001; Curso de Gestão pela Qualidade, 2002; Curso Modelo de Gestão da Fundação Nacional da Qualidade, 2010; trabalhou na Seção de Doutrina do GRPAe desde 2002, coordenando treinamento, criação, atualização de POP e PAP; Foi relator dos Relatórios de Gestão do GRPAe para os prêmios Polícia Militar da Qualidade, ciclos 2003, 2005 a 2009, onde o GRPAe conquistou os certificados bronze e prata.


10 COMENTÁRIOS

  1. TODA INSTITUIÇÃO QUE BUSCA A EXCELÊNCIA EM SUAS AÇÕES, PRECISA TER PROCEDIMENTOS PADRONIZADOS.
    E NA AVIAÇÃO, DE UMA MANEIRA GERAL, ESSA IDÉIA É BASTANTE DIFUNDIDA, ONDE UM EXEMPLO REAL DISSO SÃO OS MANUAIS DE MANUTENÇÃO DE AERONAVES.
    ACREDITO QUE ESSE ASSUNTO É BASTANTE PERTINENTE NO MOMENTO, POIS COM O ADVENTO DAS CATÁSTROFES NATURAIS OCORRIDAS AO LONGO DOS ÚLTIMOS ANOS,ONDE TRIPULAÇÕES DE VÁRIOS ESTADOS VÃO EM APOIO,ALIADO A NECESSIDADE DE PREPARAÇÃO PARA COPA 2014 E OLÍMPIADAS 2016, PERCEBEMOS SEU REAL VALOR.
    FICA AQUI O REGISTRO DE SUGESTÃO A CONAV/SENASP, PARA TOMAR POSSE DESSA IDÉIA E ABRIR O CANAL DE CONVERSAÇÕES.
    CAP PMPE ROMILDO.

  2. Parabenizo ao Cap PMESP Marcus Baracho, pela abordagem e pertinência do tema apresentado, onde propõe e levanta uma questão importante: A Padronização. Este assunto é tema central da Política Nacional de Aviação de Segurança Pública, onde nestes últimos 03 anos, com a criação desta política se buscou e continuará buscando a integração de nossas Unidades Aéreas, visando a padronização de procedimentos operacionais, padronização de EPI´s, Treinamentos, Legislação ANAC, Aeronaves e equipamentos. O norte do CONAV é este, integrar, padronizar e operar seguro. Desde já, convido ao Cap Marcus para ser um dos palestrantes para o próximo Fórum de Aviação em Maio de 2011.

    Um abraço a todos

    TC Gonçalves
    2011-2012
    CONAV-SENASP

  3. Parabéns ao amigo Cap Baracho, com o qual tive a satisfação de trabalhar desde 2002 na Seção de Doutrina do GRPAe/SP.
    Sua competência no assunto é inquestionável. Reafirmo a necessidade do CONAV em debater e até criar uma comissão para cada estado, a fim de que, futuramente, todas as organizações da AvSegPub possam executar seus procedimentos operacionais de forma absolutamente padronizada, facilitando todos os demais processos e, sobretudo, minimizando o risco de um acidente..
    “Fazemos o que treinamos!”

    Bons voos companheiros!

    Cap PMESP Adriani José
    BRPAe Praia Grande / SP

  4. Olá!
    Muito interessante o artigo.
    Fico feliz em ver que a atividade de segurança pública caminha, ou melhor, segue voo, cabrado e com competência. Mais do que nunca, improvisações não podem existir jamais quando se fala em padronização. Padronizar é todos falarem a mesma língua em qualquer lugar do país. Sonho de todos!!! Podem ter certeza! Seja na atividade em voo ou mesmo em solo. A segurança de voo agradece!
    Luis Antonio Martins- insp. mnt.

  5. Em 2009, quando frequentei o CAO/II-PMESP e somava mais de 15 anos de atuação como piloto policial, pude contar com o inestimável apoio do CAP PM BARACHO, para meu trabalho monográfico e mais, experimentei a diversidade de padronização que permeia as atividades aéreas de Segurança Pública no Brasil. Busquei contato com todas as Unidades Aéreas e quase a totalidade não possuia qualquer afinidade com Indicadores de Qualidade ou Procedimentos Operacionais Padrão. Parabéns Baracho, você deu o tom necessário à padronização das atividades aéreas de Segurança Pública e de Defesa do Cidadão, especialmente para as ações conjuntas (catástrofes) e grandes eventos (olimpíadas e copa). Prezado Adriani, se fazemos o que treinamos, agora é a hora, treinemos todos, de norte a sul, o mesmo modelo, os mesmos padrões. Será que o elenco de POPs do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da PMESP não pode servir de base para que a padronização de todos se torne uma realidade nacional? …Parabéns…

  6. Obrigado a todos os companheiros pelo incentivo.
    Estou à disposição de todos para qq apoio e será um prazer colaborar com quem precisar.
    Abraço
    Cap Baracho

  7. Parabéns Baracho pelas colocações. Mas lembro aos leitores que os POP são frutos de anos de operação entre erros e acertos. A cultura do não escrever é latente, pois, o que não está escrito não pode ser cobrado. a característica de um POP adequadamente elaborado é a possibilidade de variáveis que se apresentam no momento da operação e que advém de um briefing preliminar, mas que ao fim deva ser repassado através de relatório ao operações para que seja dado amplo conhecimento aos demais integrantes. E assim vai se criando uma cultura. Mas que isto seja possível a frota deve ser homogênia, pois, os POP de emprego com AS50, AW, MD são sem dúvidas completamente diferentes. Mas o mais importante de tudo isto são as diversidades operacionais de cada unidade da federação. Alias, a unidade de frota inclusive auxilia na troca de informações e componentes entre as unidades. Ai é o que sempre digo da função do CONAV e da FORÇA não é dar dinheiro pra comprar o que os estados querem, mas realizar processos de compra e posterior doação aos estados, buscando unificação da frota e promover estudos para que a AV SEG possua um DEA (depósito especial alfandegario). Vamos romper os cordões com sonhos de criança e sermos mais profissionais. E não é só isto é na compra de EPI, equipamentos etc…

    • achei interessante a proposta, procedimentos com espelhos assemelhados de equipamentos e aviônicos trazem respaldo e uniformidade no treinamento capacitando os integrantes a operarem de forma segura onde os precise, ainda que cada situação abranja os riscos nas suas diferentes configurações de terreno e clima… lindo ver que muito evoluímos desde os aprendizados nos aero bueiros argentinos doados as escolas civis de piloto privado….abraço a todos sucesso e persistência no aprimoramento de vossa metodologias de trabalho…pro/25 tec seg do trabalho

  8. Parabéns e muito obrigado pelo artigo! Extremamente relevante, objetivo e esclarecedor. Tomei a liberdade de compartilha-lo com toda minha equipe na PM-6, bem como de utilizar alguns trechos para ilustrar questões de prova da PMESP. Abraços!

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