São Gonçalo perde herói bombeiro

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Trinta e um anos de vida foram suficientes para o gonçalense Jasper Sanderson, criado no Porto Novo, trilhar um caminho brilhante no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio, onde atualmente ostentava a patente de major. Ontem à tarde, o piloto e perito da corporação morreu após o avião que pilotava cair em uma área residencial de Resende, na Região Sul-Fluminense. Acompanhado do aspirante (tenente) Luis Guilherme, 28, Jasper realizava um voo de reconhecimento para futuros treinamentos na região. Ambos morreram carbonizados.

O avião explodiu na queda. Jasper era perito nesse tipo de voo e apaixonado pela profissão (Foto: Lucia Pires/Diário do Vale)

Jasper decolou do Aeroporto de Jacarepaguá, onde era lotado no Grupamento de Operações Aéreas (GOA) do Corpo de Bombeiros. O acidente ocorreu após o oficial ter sobrevoado aquela área com o comandante tenente-coronel Ernani da Mota Leal. Nenhum problema foi detectado.

No segundo voo, o sargento Castro acompanharia o piloto, mas desistiu em cima da hora. “O objetivo do voo era fazer um reconhecimento da área. Eu moro aqui no bairro (Santa Isabel) e falei com a minha esposa pelo celular que ia decolar, para ela olhar pela janela. O aspirante fez fotos minhas junto ao avião com seu celular, mas não sei…na hora de subir, quando coloquei o pé no avião falei para o aspirante ‘vai lá você’. Dois minutos depois o avião estava caído, no meio da rua”, disse o sargento.

Antes de bater no chão, Jasper evitou que o avião colidisse no Condomínio Residencial Ricardo Tomás, caindo na Rua José Estevam da Motta, em frente ao prédio. A aeronave explodiu com o impacto.

Especialista em pilotar este tipo de aeronave, capaz de realizar voos rasantes a três metros do chão e despejar água sobre focos de incêndio, o major gonçalense era apaixonado pela sua profissão. Na manhã de ontem, o pai do militar, Jomar Barbosa de Assis, 64 anos, reformado da Marinha, chegou a perguntar se o filho não iria utilizar o avião em um incêndio ocorrido na Central do Brasil.

“Não sei bem o que estou sentindo. Não consigo definir. Ele era um ótimo garoto. Estudioso, querido, muito família e tinha um grande futuro pela frente. Sempre tive muito orgulho dele”, disse o pai, arrasado, na porta de sua casa, no Porto Novo. “Meu filho morreu queimado. É difícil acreditar”, completou.

O interesse pela carreira militar surgiu quando Jasper ainda era criança. Além do pai, que era da Marinha, também havia um tio tenente-coronel do Corpo de Bombeiros. “Ele gostava de ver todo aquele aparato. A roupa, os acessórios, além de sonhar em voar”, lembrou o pai. Inconsolável, a mãe do major, Martha Penna de Assis, 54, não conseguiu expressar tanta dor.

Jasper atuava na aeronave desde 2006. Pouco depois foi qualificado pela Aeronáutica para comandar o avião, único no Estado, após passar por seleção com outros sete pilotos. Desde então cumpriu missões no Rio, São Paulo e Sergipe.

Mais velho entre três irmãos, Jasper deixou esposa, capitã lotada no Quartel General do Corpo de Bombeiros, no Rio, e um menino de 1 ano e 10 meses. Atualmente, ele morava com a família no Itanhangá, em Jacarepaguá.

Herói – Em outubro de 2007, a edição n° 50 da revista Veja Rio trouxe uma reportagem intitulada “Os homens que salvam”. A matéria apresentou alguns bombeiros que salvaram vidas em diferentes ocorrências, como incêndios, afogamentos e desabamentos. Entre os heróis militares, figurou o então co-piloto Jasper Sanderson, que aos 28 auxiliou no salvamento de várias famílias, durante um incêndio na favela Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, ocorrido em agosto de 2007.

Comandado pelo piloto Alonso Júnior, Jasper despejou dezoito vezes a capacidade máxima do tanque de água da aeronave, de 3.100 litros. Foram necessárias cinco horas para que as chamas fossem contidas. A ocasião marcou a primeira vez que os bombeiros utilizaram um avião para combater um incêndio numa favela, antes utilizado apenas em florestas e montanhas. A tragédia destruiu mais de 500 casas, com um total de 2 mil desabrigados.


Fonte: O São Gonçalo Online, por Patrick Guimarães

Fonte: Veja Rio


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