Uso de helicóptero contra arrastões divide especialistas

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Na semana passada, algumas ocorrências de “arrastões” pela cidade do Rio de Janeiro fez com que a PMERJ tomasse medidas específicas para conter esse tipo de atuação dos marginais. As aeronaves do GAM foram incluídas no planejamento e devem ter uma participação importante nessas operações. Veja abaixo um compilado das noticias publicadas:

O comando da Polícia Militar definiu que a partir desta sexta (08/10/10), helicópteros vão ajudar no combate aos assaltos nas ruas do Rio de Janeiro. A PM avisou, em nota oficial, que “a estratégia baseia-se na prevenção/repressão, através do mapeamento das áreas em que tal atividade criminosa vem acontecendo”. E o reforço não virá apenas do céu, a polícia avisou que também vai colocar mais segurança em terra, com mais motocicletas e viaturas.

Uso de helicóptero contra arrastões divide especialistas

A PM anunciou que vai concentrar na Zona Sul, no Centro, em São Cristóvão, no Maracanã e na Tijuca o novo tipo de patrulhamento aéreo. As regiões terão monitoramento aéreo realizado pelos três helicópteros da corporação. As aeronaves vão funcionar como uma plataforma de observação, mas PMs a bordo delas poderão atirar, caso sejam atacados e tenham oportunidade de revidar, destacou o major Daniel Queiroz, chefe do Núcleo Aéreo do Grupamento Aeromarítimo da PM (GAM):

– Sobre a área urbana, é complicado efetuar disparos. Se a aeronave for alvejada, podemos revidar, mas cada caso será avaliado. Pode ser mais vantajoso optar pela retirada do que por reagir, se isso colocar a população em risco.

O major contou ainda que a corporação enviou ao governo do estado um planejamento com um aumento considerável de sua frota de helicópteros até 2016, devido aos eventos esportivos que acontecerão na cidade, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. O oficial, no entanto, não quis dizer quantos helicópteros a mais são considerados necessários. O aumento da frota ainda tem que ser aprovado pelo estado.

A expectativa é que o patrulhamento aéreo tenha efeitos imediatos, inibindo a ação de bandidos e transmitindo maior sensação de segurança à população. No ar, os policiais estarão ligados ao rádio do batalhão da área sobrevoada.

– Acontecendo qualquer crime que demande acompanhamento por helicóptero, partiremos em apoio ao policiamento em terra. Também estaremos atentos a situações suspeitas, mas essa é uma atuação mais subjetiva e menos eficiente – disse o major, informando ainda que o foco do policiamento aéreo é evitar delitos específicos, como roubos de carros e cargas, além de assaltos a estabelecimentos comerciais e financeiros.

O novo patrulhamento adotado pela Polícia Militar divide especialistas. Paulo Storani, ex-capitão do Bope e professor da Universidade Candido Mendes, considera a utilização de helicópteros bastante eficaz, quando a aeronave é aplicada no monitoramento de vias extensas.

– O Rio combina florestas com áreas urbanizadas sem planejamento prévio, além de contar com poucas áreas planas. Isso dificulta o patrulhamento em terra. Há ainda obstáculos à locomoção de viaturas, devido ao congestionamento das ruas. O uso de aeronaves como plataforma de observação é o que há de mais moderno, acontece em diversas partes do mundo – disse Storani.

Demanda por novos helicópteros deve aumentar

O ex-capitão do Bope ressaltou a importância da sensação de segurança que a novidade vai gerar na população, atualmente muito assustada com os recentes arrastões. Criminosos, por sua vez, devem se sentir intimidados diante da presença de helicópteros em pontos-chave da cidade. O especialista prevê uma diminuição imediata do número de crimes, mas aponta desafios a longo prazo:

– É possível que haja um deslocamento de criminosos para outras áreas que não estejam monitoradas pelas aeronaves. Isso deve criar inclusive uma demanda para a ampliação da frota de helicópteros da PM e de treinamento de oficiais como pilotos – disse Storani.

Ele, no entanto, é contra PMs fazerem disparos a bordo de helicópteros.

Para Ignacio Cano, sociólogo e pesquisador da Uerj, uma pessoa atirando de qualquer veículo em movimento representa insegurança para a população. Ele acredita ser improvável que a nova estratégia de patrulhamento funcione:

– Será muito difícil localizar arrastões de um helicóptero. A função desse tipo de aeronave é atuar quando há perseguição a carros em fuga. Seria mais eficiente investir em câmeras e no patrulhamento por meio de viaturas e motocicletas.

Lênin Pires, pesquisador do núcleo de estudos da UFF, concorda com Cano. A melhor saída, a seu ver, seria fazer com que as informações das investigações contribuíssem mais com o policiamento ostensivo, além de incorporar outras tecnologias às operações, como câmeras e até o uso do Twitter. Ele criticou a falta de integração entre as polícias Civil e Militar:

– A aposta nas aeronaves reflete interesses internos e externos de transformar o Rio na cidade do entretenimento. Para isso, é preciso mostrar que algo sensacional vem sendo feito.


Fonte : Agência O Globo


4 COMENTÁRIOS

  1. CONCORDO COM AS COLOCAÇÕES DE STORANI, QUANDO O MESMO AFIRMA QUE O MAIOR TRUNFO DO HELICÓPTERO EM OPERAÇÕES URBANAS, É COMO PLATAFORMA DE OBSERVAÇÃO.
    ARRASTÕES ESTÃO DIRETAMENTE LIGADOS A ACÚMULO DE PESSOAS NUM PRIMEIRO MOMENTO, E DEPOIS EM CORRERIA GERAL, INVIABILIZANDO A PRÁTICA DO TIRO EMBARCADO.
    ORIENTAR O EFETIVO POLICIAL NO SOLO, É DE GRANDE VALIA PARA A EFETIVIDADE DO CUMPRIMENTO DE NOSSAS MISSÕES, PODENDO INCLUSIVE, SER DIVERSIFICADO O MODELO DA ACFT UTILIZADA, DE MODO A UNIR EFETIVIDADE x BAIXO CUSTO OPERACIONAL.
    DE TODA SORTE, O MAIS IMPORTANTE É QUE O EFETIVO ESTEJA DEVIDAMENTE CAPACITADO E TREINADO, E QUE VOE SEMPRE SIPAER.
    FIQUEM COM DEUS E BONS VÔOS.
    CAP PMPE ROMILDO – ASP92.

  2. CMTE. RUBEM JUNIOR
    15 de outubro de 2010

    Nos paises dito como primeiro mundo, o uso de aeronaves tanto de asas rotativas como fixa ha muito vem se destacando no que diz respeito a Defesa Social e resgaste. Penso que no Brasil, com a acelerada do desenvolvimento, puxado pela globalização, estamos no rumo certo na modernização de equipamentos e técnicas de treinamentos para os operadores destes equipamentos. Más infelismente, temos o desprazer de ler comentários de pessoas de outros meios tentando difundir soluções teóricas quanto ao emprego da modernidade em defesa do cidadão. Insinuações de pessoas que apostam na retroação da policia como esse: ” – A aposta nas aeronaves reflete interesses internos e externos de transformar o Rio na cidade do entretenimento. Para isso, é preciso mostrar que algo sensacional vem sendo feito.” Sinto por esse cidadão “teórico” que talvez nunca tenha percebido que tal “atração” tambem serve para os marginais, dando a eles temor, pois um helicóptero no ar equivale a pelo menos 7 viaturas no solo que levam três policiais a bordo, a tripulação de um helicóptero policial em operação de patrulhamento são cinco, podendo equiparar em efecieencia com os 21 das sete viaturas de terra. Meu apoio ao comandande do GAM ressaltando o orgulho que o GRUPAMENTO AERERO E MARÍTIMO DO RIO propriciou para os policiais do Brasil

  3. So quem já sobrevoou o Rio de Janeiro a bordo de um helicoptero policial sabe dos riscos aos quais estão expostos a tripulação.

    O tiro embarcado eh uma situação extrema, excepcionalíssima, porém eh o único recurso a ser usado pela tripulação em caso de injusta agressão de marginais. Obviamente que cada caso deve ser criteriosamente analisado e, se inocentes estiverem na linha de tiro, os disparos nao sao realizados.

    Declaro meu total apoio ao Comando do GAM, parabenizando a PMERJ pela adoção das importantes medidas preventivas e repressivas adotadas.

    MAJ PMERJ Rodrigo Duton – PCH

  4. Como cidadão carioca, sinto-me tolhido de minha liberdade, e de minha família, ante ao perigo de vir a ser vítima de um desses arrastões. É uma agressão injusta e covarde à população que está se divertindo na praia.
    A PMERJ é responsável por prover o policiamento ostensivo à sociedade carioca e tem feito isso a todo custo. Utilizar os recursos que dispõe é altamente louvável. Estar na praia e ver o helicóptero do GAMRJ em patrulha na orla, pronto a intervir em qualquer ponto, dá mais segurança sim. Claro que a aeronave deverá estar em coordenação com as patrulhas em terra e sua visão do alto e sua capacidade de reagir é um fator de força que não pode ser desprezado. Como já foi dito, a intervenção com tiro embarcado, deve ser avaliado, caso a caso, e eu acredito na capacidade de avaliação e decisão das tripulações do GAM.
    Espero ver os Fênix no ar, nos céus do Rio de Janeiro, seja sobrevoando as praias, seja no combate ao crime nas favelas, seja no levantamento de informações de inteligência, com aeronaves bem equipadas, tripulantes bem treinados, e com equipamentos de tecnologia. Que a perda dos tripulantes do GAM há um ano atrás, não tenha sido em vão.
    Boa sorte ao GAMRJ ! A sociedade carioca precisa de vocês.

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