NOTAER/ES: O dia em que jogo de futebol foi interrompido para salvar uma vida

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Espírito Santo – Uma partida de futebol é paralisada inúmeras vezes durante os 90 minutos, mas, no último sábado (14/03), o árbitro Arthur Gomes Rabello se viu obrigado a interromper o confronto entre Rio Branco-VN e Desportiva, válido pela 9ª rodada do Capixabão, no estádio Olímpio Perim, em Venda Nova do Imigrante, por uma causa incomum e necessária: salvar uma vida.

Quando o marcador sinalizava 30 minutos do segundo tempo, o time da casa já vencia por 1 a 0, com um gol marcado pelo atacante Rafael Castro. Com o jogo já se encaminhando para o fim, o juiz soprou forte o apito, porém não era uma falta. Um helicóptero do NOTAER/ES se aproximava do estádio e rapidamente pousou no gramado.

O Harpia 6 pousou no gramado do estádio Olímpio Perim para efetuar o resgate de um homem vítima de um AVC. Crédito: Arquivo pessoal
O Harpia 6 pousou no gramado do estádio Olímpio Perim para efetuar o resgate de um homem vítima de um AVC. Crédito: Arquivo pessoal

Jogadores e torcedores não entendiam o que se passava, mas uma ambulância do Samu já estava à beira de campo com um paciente em estado grave, que havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e apresentava quadro clínico gravíssimo, necessitando de transporte urgente para um hospital mais bem equipado. Comandado pelo major Genilson Hoffmann Rosa, o Harpia 6 e os demais tripulantes interromperam a partida para salvar uma vida.

DESLOCAMENTO RÁPIDO

Era por volta das 16h10, quando houve o acionamento do NOTAER/ES para o resgate na Região Serrana do Estado. Rapidamente, o comandante da aeronave levantou voo da base do NOTAER/ES, na Capital, e em cerca de 25 minutos, já estava pousando em Venda Nova do Imigrante.

“Aos finais de semana, ficamos à disposição para ocorrências de diferentes tipos em todas as regiões do Espírito Santo. Ocorreu esse acionamento e seguimos em direção à Venda Nova. Em contato com o Samu, nos foi informado que já havia uma ambulância estacionada no estádio com um paciente em estado grave e necessitado de remoção rápida. Ao me aproximar, notei que ocorria um jogo e que havia muita gente na arquibancada, mas não tive a percepção de que se tratava de uma partida oficial e do Capixabão. Foi a primeira vez que realizei um resgate com a necessidade de paralisar um jogo oficial”, disse o piloto que está no NOTAER/ES desde 2012.

Assim que a aeronave pousou no gramado e os trabalhos de transferência do paciente foram iniciados, o árbitro da partida foi até o piloto e comunicou que ele e a equipe de resgate teriam o tempo que fosse necessário. “Ele solicitou meu nome para registrar oficialmente na súmula e falou que poderíamos ficar o tempo necessário.

Sabemos que não é o ideal interromper as atividades das pessoas, principalmente um jogo oficial, mas a percepção daquele momento é que poderiam esperar um pouco para que aquele senhor, vítima de AVC, pudesse ter o socorro adequado. Enquanto estivemos lá, a torcida não se manifestou contrariamente à operação e, segundo relatos de pessoa que estava no local, no momento da nossa saída houve manifestação de apoio”, detalha Hoffmann.

 

Genilson Hoffmann Rosa, piloto do Notaer. Ele esteve no comando da aeronave que desceu no campo em Venda Nova do Imigrante. Crédito: Arquivo pessoal
Genilson Hoffmann Rosa, piloto do Notaer/ES. Ele esteve no comando da aeronave que desceu no campo em Venda Nova do Imigrante. Crédito: Arquivo pessoal

A agilidade no atendimento foi determinante para a sobrevivência do idoso. Com cerca de 10 minutos, a vítima já estava dentro da aeronave, que o transportou, com vida, até a base do NOTAER/ES, de onde foi conduzido de ambulância para o Hospital São Lucas, em Vitória. Caso o translado fosse realizado por via terrestre, o tempo de percurso seria superior a uma hora e meia, nos 113 quilômetros que separam Venda Nova da Capital. De helicóptero, o deslocamento foi de cerca de 25 minutos.

“Lidamos com vidas, portanto, cada minuto é determinante para a sobrevivência da pessoa e o sucesso da operação. Trabalhamos com situações de extremo risco, pousamos muitas vezes em locais difíceis e fazemos o possível para salvar quem necessita. Concluir esse resgate com êxito é satisfatório. Entregamos o paciente vivo”

LOCAIS DE POUSO

De fato não é comum ver partidas de futebol paralisadas por pouso de aeronaves, mas o major do NOTAER/ES explicou que os campos de futebol são espaços seguros para que helicópteros operem.

Campos de futebol são usados como locais de operação de helicópteros do Notaer no Estado. Crédito: Arquivo pessoal
Campos de futebol são usados como locais de operação de helicópteros do Notaer no Estado. Crédito: Arquivo pessoal

“Quando não há um heliponto ou um local destinado para pousos e decolagens, os campos de futebol são usados momentaneamente. Isso ocorre principalmente nas cidades do interior, pois não há a infraestrutura de um grande centro. São locais espaçados, com boa área de manobra e seguros para operar. Já pousei em campos outras vezes, mas deixo claro à população que estamos preparados para descer em locais adversos. Procuramos sempre um local de segurança, porém, se for preciso, operamos em pontos de adversidade extrema, como fizemos em algumas ações recentes em Iconha”, salientou o piloto.

PROSSEGUIMENTO DO JOGO

Após o Harpia 6 levantar voo, a partida foi retomada no estádio Olímpio Perim, o Rio Branco-VN ampliou o marcador com o volante Gabriel Fernandes e venceu a Desportiva por 2 a 0.

Três pontos na tabela para o time da casa e vaga garantida nas quartas de final do Estadual. Na partida no campo venceu a equipe de Venda Nova, já no jogo da vida, triunfou o bom senso e a empatia de todos os envolvidos.

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