O Poder da Análise de Dados nas Operações Aéreas da PRF
24 de novembro de 2025
4min de leitura
Durante o ENAVSEG 2025, a Polícia Rodoviária Federal apresentou uma das palestras sobre: “Análise de Dados nas Operações Aéreas da PRF como Instrumento de Gestão”, conduzida pelos policiais rodoviários federais Moisés e Gilson, especialistas em manutenção, operação e gestão da frota aérea da instituição. A apresentação evidenciou um tema cada vez mais presente na aviação de Estado: a transformação digital como pilar para eficiência, segurança e tomada de decisão estratégica.
Assista ao vídeo da palestra no final deste artigo.
Uma Aviação em Expansão e Cada Vez Mais Complexa
A Aviação da PRF opera hoje uma frota diversificada composta por:
7 helicópteros AW119 Koala
4 Bell 407
1 Bell 412
5 aeronaves Cessna Grand Caravan
Atuando de ponta a ponta do país e apoiando dezenas de órgãos — como IBAMA, SESAI e Ministério Público —, a PRF mantém uma operação continental, com missões que abrangem desde transporte aeromédico e apoio a operações ambientais até ações de combate ao crime organizado e vigilância em grandes eventos.
Gerenciar, planejar e priorizar essa estrutura em um território tão vasto sempre foi um desafio. Até recentemente, essa gestão dependia de planilhas, relatórios manuais e comunicação dispersa.
A solução veio por meio de uma ferramenta acessível, gratuita e amplamente difundida: o Power BI.
Power BI: De Dado Bruto a Inteligência Operacional
Segundo os palestrantes, o Power BI passou a ser a espinha dorsal da nova gestão aeronáutica da PRF. A ferramenta oferece:
dashboards intuitivos,
indicadores em tempo real,
interatividade avançada,
visualização instantânea de métricas essenciais.
Com isso, a tomada de decisão — antes reativa e baseada em dados dispersos — tornou-se proativa, estruturada e estratégica.
Entre os indicadores apresentados no evento, destacam-se:
1. Efetivo Convocado e Distribuição por Bioma
A PRF consegue observar, em tempo real, quais tripulantes estão de sobreaviso, disponíveis, em missão ou convocados. Além disso, o painel distribui as convocações por biomas, permitindo equilibrar experiências e reduzir riscos operacionais entre Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e regiões urbanas densas.
2. Horas de Voo e Sinergia de Tripulações
O painel relaciona pilotos e copilotos, mostrando quantas horas voaram juntos, permitindo criar combinações mais eficientes e seguras de tripulantes.
3. Custos Operacionais e Ressarcimentos
A PRF passou a demonstrar de forma clara:
gastos por órgão demandante,
horas voadas por instituição,
custos georreferenciados,
despesas com passagens, combustível e diárias.
Essa visualização aumentou, segundo os palestrantes, a credibilidade institucional diante da alta gestão, agilizando liberações orçamentárias e demonstrando retorno operacional.
4. Disponibilidade das Aeronaves
Como a manutenção da PRF é 100% terceirizada, cada aeronave é monitorada em relação a:
horas até o próximo serviço,
peças prestes a vencer,
índices contratuais de disponibilidade.
Isso impacta diretamente o pagamento às empresas e permite prever indisponibilidades, reduzindo o tempo de aeronave parada em até 22%.
5. Gestão de Abastecimento
Ao selecionar uma rota, o painel exibe:
aeródromos com menor custo de combustível,
alternativas viáveis,
consumo projetado.
O resultado: planejamento de voo mais eficiente e econômico.
Casos Práticos Apresentados
A PRF compartilhou três resultados diretos obtidos após a implementação dos dashboards:
Otimização de rotas, reduzindo gastos operacionais.
Redução de 22% no tempo de inatividade das aeronaves, graças à previsibilidade de manutenção.
Escalas otimizadas, com melhor distribuição de carga horária e aumento da segurança.
Segundo os gestores, o sistema já está 70% concluído e em fase final de integração entre setores de manutenção, combustível e operações. A previsão é que esteja completamente finalizado até meados do ano que vem, com potencial para ser compartilhado com outras unidades de aviação pública do país.
Segurança das Informações: Um Ponto Crítico
Questionados sobre segurança de dados, os palestrantes esclareceram que:
o acesso é restrito ao policial rodoviário federal,
a autenticação é feita com múltiplos fatores,
o sistema está hospedado em ambiente seguro da própria PRF,
não há informações sensíveis circulando fora da rede institucional.
Tal abordagem garante proteção a dados de aeronaves, posições, tripulantes e operações sigilosas.
Da Reunião ao Campo: Uma Nova Postura Institucional
Um dos pontos mais destacados foi a mudança no nível de credibilidade percebido pela alta gestão após a adoção da ferramenta. Antes, reuniões eram baseadas em planilhas e números soltos. Hoje, a Direção-Geral da PRF pode visualizar, em tempo real:
aeronaves em voo,
eficiência por bioma,
resultados por operação,
indicadores de produtividade,
relação entre investimento e retorno operacional.
Essa materialização da atividade aérea elevou o nível de profissionalismo e clareza exigidos em ambientes de tomada de decisão.
Conclusão
A palestra demonstrou que a Aviação da PRF está incorporando o uso inteligente de dados como elemento central da sua evolução operacional.
O uso do Power BI transformou fluxos, reduziu desperdícios, ampliou a eficiência, aumentou a segurança e criou um ambiente decisório mais técnico, transparente e confiável.
Mais do que uma inovação tecnológica, trata-se de uma mudança cultural — em que decisões deixam de depender apenas de experiência e passam a ter base analítica sólida, atualizada e compartilhada.
A expectativa agora é que, com o sistema completo, a PRF possa não apenas aperfeiçoar sua própria gestão, mas também compartilhar a metodologia com outras aviações públicas, contribuindo para padronização, interoperabilidade e fortalecimento do setor.
Créditos: ENAVSEG 2025 – Organização, palestrantes e equipe da DOA/PRF. Que seja infinita a nossa energia para fazer o bem.
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