Palestrante
Marcelo Sperandio
Operador Aerotático do SAER/PCSC
Instrutor no Brasil e EUA, fundador da Sperandio Academy
e criador da metodologia Sperandio Tactical Concept

Por que este tema importa

Operações aéreas de segurança pública reúnem dois mundos críticos: voo (altíssima padronização técnica) e polícia (altíssima imprevisibilidade). Em ambos, decisões precisam ser tomadas em segundos, sob pressão fisiológica e emocional. Sperandio mostrou, com base em neurociência e aprendizagem motora, como o cérebro decide e como treinar para decidir melhor — reduzindo erros, aumentando segurança e resultados.

Principais ideias da palestra

  • Seu cérebro é uma máquina de sobrevivência, não de performance. Em estresse, ele aciona respostas automáticas; o treinamento correto transforma essas respostas em ações seguras e eficazes.
  • Velocidade de processamento: estímulos auditivos são processados mais rápido que visuais — por isso alertas sonoros e checklists bem desenhados salvam vidas.
  • Memórias críticas:
    • Declarativa (saber o que/por quê – manuais, teoria) sustenta a prática.
    • Não declarativa/procedimental (saber fazer) é o que realmente aparece no confronto/emergência.
  • Do manual à cabine: sem consolidação e recuperação frequentes (briefing, voo mental, simulador, debriefing), a trilha neural “esfria” e a proficiência cai.
  • Associar estímulo-resposta: treinar o cérebro a reconhecer padrões (som de alarme, variação de parâmetros, postura de ameaça, assinatura térmica, etc.) e executar o protocolo certo sem “pensar demais”.
  • Ergonomia e desenho de tarefas: comandos, alertas e procedimentos devem ser simples, padronizados e intuitivos sob estresse.
  • Integração voo–polícia: a mesma lógica de aprendizagem motora e condicionamento operante usada em tiro/abordagem deve pautar CRM, SOPs, comunicações e coordenação com solo.

Casos e exemplos

Sperandio ilustrou com:

  • Autorrotação real e o papel do condicionamento para evitar reações espasmódicas na cabine.
  • Tiro e postura corporal: por que treinos com alvos irreais e posturas “olímpicas” induzem erros no mundo real; a biomecânica correta melhora estabilidade e acurácia sob estresse.
  • Tempo de reação humano: por que “parar de atirar” não é instantâneo e como isso precisa ser ensinado, medido e registrado (doutrina e defesa técnica).

Boas práticas sugeridas

  • Treine como luta/voa: padronize gatilhos (auditivos/visuais), liste ações críticas e automatize.
  • Voo mental e simulador: baratos e poderosos para manter trilhas neurais ativas.
  • Ciclo completo: briefing → execução → debriefing com lições aprendidas (registro formal).
  • Cargas de trabalho claras: checklists, CRM e divisão de funções que respeitem as limitações de atenção sob estresse.
  • Medição contínua: mantenha estatísticas de proficiência e de impacto operacional para justificar recursos e ajustar treinamento.

Quem é o palestrante

Marcelo Sperandio é policial do SAER/PCSC, instrutor no Brasil e EUA, fundador da Sperandio Academy – primeira academia de neurociência aplicada à tomada de decisão em combate no país – com mais de 20 mil alunos formados e autor do Manual do Instrutor (VCQB), adotado por diversas unidades operacionais.

Assista à palestra

Confira o vídeo completo abaixo e veja como aplicar a neurociência e a aprendizagem motora para decidir melhor em situações críticas na aviação de segurança pública.