Aeronaves da segurança pública do MS estão fora de operação

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Cedidas para combate ao crime, 13 aeronaves ficam “presas” no chão. A situação é denunciada pelo juiz federal Odilon Oliveira

Cedidas para reforçar as ações de segurança em Mato Grosso do Sul, 13 aeronaves estão presas no chão enquanto a região de fronteira com o Paraguai e a Bolívia segue com o crônico problema de se porta de entrada para drogas e armas. A situação é denunciada pelo juiz federal Odilon Oliveira, titular da Vara Especializada em Lavagem de Dinheiro. Os bens são avaliados em R$ 15,7 milhões.

“São 11 aviões e dois helicópteros. São cedidos, mas têm a possibilidade de incorporar ao patrimônio dos Estados”, afirma o magistrado. A maioria é de aeronaves flagradas com drogas. Mas a lista ainda inclui o helicóptero do traficante Juan Abadia, que foi “hóspede” do presídio federal.

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O governo do Estado tem a posse da aeronave desde 2007. O helicóptero PT-HBM Jet Ranger, ano 91, que tem autonomia de voo de cerca de quatro horas e capacidade para três passageiros.

“É excelente. Quando acontece um acidente, baixa rapidinho. Também pode cobrir o céu da fronteira”, diz. Ou seja, ao contrário do tráfico de drogas, o poder público não consegue manter as aeronaves em condições de voo. “Para que o Estado use em serviço e, especialmente, no combate à criminalidade. Desde que seja adequado à sua finalidade, transporte de tropas”, salienta o juiz.

Conforme Odilon Oliveira, o outro helicóptero foi repassado em 2011 pelo Ministério da Justiça. “Até hoje coberto com uma lona preta”, diz. O modelo PT-GMS, de fabricação francesa e custo de R$ 6.640.000,00 nunca voou. O magistrado explica que o custo de manutenção pode inviabilizar o funcionamento das aeronaves.

“O problema é que as aeronaves têm que fazer as vistorias periódicas, que exigem que as peças sejam trocadas por idade e não por uso. Se ficar parado por cinco anos, só a reposição não compensa mais. Fica sucata”.

Na semana passada, em Brasília, o juiz entregou à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara a relação das treze aeronaves recebidas pelo Estado. Do lado dos bandidos, a aeronave não tem a utilidade restrita a trazer drogas e armas para o território brasileiro.

“Uma organização tinha seis aviões, mas nem todos eram utilizados para carregar drogas”, exemplificada. O avião pode ser utilizado no transporte dos traficantes, determinar coordenadas geográficas para que outro grupo vá aos pontos de carregamento das drogas. No caso da cocaína, o itinerário mais comum é buscar a droga na Bolívia, Peru e Colômbia para abastecer os mercados consumidores brasileiros.

“Se não consegue tratar de segurança na fronteira, não consegue tratar no resto do país. Não adianta colocar aquela força toda na UPP [Unidade de Polícia Pacificadora] se não policiar as fronteiras. Tem que prover as fronteiras, a cocaína que passa aqui alimenta o tráfico nos grandes centros. Por isso é imprescindível o uso de aeronaves”, enfatiza o magistrado.

Sejusp diz que pendências impedem utilização de aeronaves apreendidas

Após denúncia do juiz federal Odilon de Oliveira sobre a não utilização de 13 aeronaves que foram cedidas ao governo de Mato Grosso do Sul, a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) justifica seis casos.

De acordo com ofício encaminhado nesta terça-feira pela Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo ao Secretário de Segurança, Wantuir Jacini, cada aeronave está parada devido a situações específicas.

O helicóptero do traficante Juan Abadia, que foi “hóspede” do presídio federal, está em posse do Estado desde 2007 e, conforme o governo, “está aguardando doação em definitivo para poder cumprir boletim de motor, expedido pela fabricante Rools Royce, o qual o tornou indisponível, devido ao alto custo, em torno de 1/3 da aeronave”.

O outro helicóptero citado pelo juiz federal Odilon de Oliveira, titular da Vara Especializada em Lavagem de Dinheiro é o PT-GMS, de fabricação francesa e custo de R$ 6.640.000,00 que nunca voou. De acordo com a Sejusp, foi feito um recall no rotor de cauda, pela fabricante, e agora é aguardado o pagamento do seguro, que já está em fase de conclusão.

No caso do PT-SEM Gulfstream GII, “já foi solicitado à Justiça de SP a autorização para venda, sendo ratificado o pedido recentemente”.

A aeronave PT JDF – Cessna Skyline teve a cessão revogada pela Justiça Federal em março do ano passado, e agora pertence ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça Federal), mas está no hangar da oficina Hora.

O avião PT KPFG (sic) Baron 56, está em investigação pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção a Acidentes Aeronáuticos), desde abril de 2012, devido acidente.

Já a PR –FPG Baron 58 está “aguardando compra por parte do Samu Estadual dos equipamentos aeromédicos”, devido a convênio com o Corpo de Bombeiros.

Conforme a denúncia do magistrado federal, as aeronaves que não estão sendo utilizadas foram apreendidas com traficantes. Para ele, os veículos poderiam ser usados no monitoramento da fronteira.

Fonte: Campo Grande News (denúncia e resposta SEJUSP)

2 COMENTÁRIOS

  1. Isso mostra a gestão de competência da Segurança Pública do MS!!
    Um estado estratégico no combate ao tráfico de armas e drogas sendo gerido desta forma!
    Como diria o anonymus não é só pelos $ 0,20 e por essa vergonha toda que o povo se revolta!

  2. Acham que dar aeronave utilizadas no crime para a polícia resolve a questão. Estão enganados…..e o resultado é sempre esse…. aeronaves que não estão operando.
    Quando uma OASP vai adquirir uma aeronave, deve verificar se ela atenderá a expectativa. Quais as condições de manutenção, se há empresas que poderão dar assistência técnica necessária, possibilidade de formar pilotos, mecânicos, tripulantes
    Aeronave apreendida pode ser muito mais problema que solução para uma OASP e para a sociedade que cria esperança em um equipamento que já vem comprometido operacionalmente e muitas vezes nem serve para atender a operação aérea de segurança pública.
    Srs gestores de OASP….comprem suas aeronaves, com base em planejamentos, estudos técnicos. Não aceitem emendas, quando aparecer uma oportunidade (aeronaves apreendidas), façam um estudo aprofundado da real necessidade de adquirir tal equipamento e como isso será benéfico para sua organização e para sociedade em que será empregada.
    Também considerem o valor agregado a esse empreendimento, tudo começa com festa e alegria, mas logo chega o momento de pagar a conta….a Polícia fica sozinha com o “abacaxi”.
    Não deixe que sua OASP seja depósito de aeronaves apreendidas, olhe na frente e verifique se realmente valerá a pena receber um equipamento usado. isso também acaba bloqueando oportunidades de aquisição de novas aeronaves, adequadas à real necessidade da OASP, dificultando o convencimento dos governantes para a compra, já que sua Organização já recebeu um equipamento.
    Bons voos com boa gestão!

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