Como é a rotina de patrulhamento a bordo do Águia da PM em Balneário Camboriú

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Santa Catarina – Em poucos segundos, o sobrevoo de rotina sobre a Praia Central, em Balneário Camboriú, se torna a busca por um carro suspeito. O helicóptero Águia 02, o maior e mais bem equipado da Polícia Militar em Santa Catarina, ganha velocidade e voa baixo, a ponto de ser possível enxergar as placas dos veículos. De cima, dá por terminada a caçada em menos de dois minutos: indica para as viaturas em terra onde estão os suspeitos e acompanha a abordagem. Mais uma missão cumprida.

É difícil mensurar quanto tempo levaria para que o mesmo serviço fosse executado apenas pelas viaturas – até porque o carro em questão estava dentro de um estacionamento e não era visível da rua. A agilidade é o principal ganho da polícia com o uso dos helicópteros, e um forte argumento para manter aeronaves em regiões como a de Balneário, que sofre com a falta de efetivo – em 16 anos, o município perdeu cem agentes e conta hoje com 130 PMs.

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O major Alessandro Felczky, comandante do Águia 02, usa uma estatística da Nasa para justificar o emprego do helicóptero: sozinha, a aeronave amplia em mais de 500 vezes a capacidade de patrulhamento de um policial a pé. Um reforço que faz diferença nas abordagens e presta apoio importante às ocorrências atendidas pelo Samu, já que o helicóptero é multimissão, equipado também para emergências.

O Águia 02 e o Polícia Zero Uno (da Polícia Civil) atuam em esquema de revezamento durante a Operação Veraneio. Se o Zero Uno está em Balneário, o Águia está na Grande Florianópolis — e vice-versa. Em um mês, as duas aeronaves contabilizaram 47 horas de voo na região de Balneário. No mesmo período, voaram 25 horas nos arredores da Capital.

A grande quantidade de turistas e os atendimentos multimissão explicam a alta demanda. Mas o comandante do 12º Batalhão da PM, tenente-coronel Evaldo Hoffmann, alerta que embora a população diminua fora de temporada, as ocorrências graves aumentam.

— Há mais policiais nas ruas no verão e isso inibe a criminalidade — afirma.

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Decreto prevê companhia

O decreto 1392, de 2008, que instituiu no Estado o Batalhão de Aviação da Polícia Militar, previu a criação de seis companhias de atuação: em Florianópolis, Joinville, Lages, Chapecó, Criciúma e Balneário Camboriú — as três últimas, ainda inoperantes.

O alto custo das aeronaves é um dos entraves à criação das novas companhias. Em Balneário Camboriú, a PM pretende firmar acordo com a Promotoria do Meio Ambiente, do Ministério Público, para que transações penais financiem a compra do helicóptero.

Policial com talento para resgate em qualquer situação

O Batalhão de Aviação está entre os mais concorridos da Polícia Militar de Santa Catarina, mas integrar a tripulação não é tarefa fácil. É preciso ter bom condicionamento físico, noção de trabalho em grupo, capacidade para atirar em longo alcance e sangue frio, além de enfrentar um longo período de treinamento específico. Mais importante que isso, é preciso adequar-se a um trabalho que não se resume à atividade policial, mas também a missões de salvamento de todos os tipos.

Os agentes que integram cada uma das aeronaves (dois oficiais no comando e dois praças no apoio) têm que estar prontos para assumir resgates de vítimas de afogamento, atender acidentes graves e fazer transferência de pacientes em estado grave. As mesmas mãos que apontam os poderosos fuzis calibre 556 (similares ao AR-15) estão preparadas até para trazer bebês ao mundo em pleno voo.

As equipes precisam estar em sintonia, por isso cada novo membro, após ter feito o treinamento em solo em mais de 200 horas de voo, tem que passar pelo crivo — e o voto favorável — de toda a tripulação. Em missões, as decisões também só são tomadas se houver concordância entre praças e oficiais.

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O trabalho em equipe é necessário para uma atividade como o patrulhamento aéreo, que é considerado de alto risco. Aeronaves policiais têm autorização para voar baixo e para manobras que pilotos na aviação civil são proibidos de fazer. Em meio à tensão das missões, também têm que lidar, eventualmente, com a aviação clandestina, cada vez mais comum, que potencializa o perigo de acidentes.

Em troca, os aviadores da polícia têm status de estrelas na corporação. A cada patrulhamento, precisam estar dispostos a corresponder ao “tchauzinho” que, invariavelmente, vem do chão.

Mais detalhes dobre o Águia

– As aeronaves policiais atuam em ações de segurança e resgates. São equipadas com macas, desfibriladores e oxigênio para emergências.
– Em patrulha nas praias, o helicóptero voa baixo e os tripulantes acenam para os guarda-vidas, que respondem: se erguerem as mãos, está tudo bem. Se as cruzarem, querem apoio da aeronave.
– Nos últimos 15 anos, o Batalhão Aéreo da PM já realizou 23,7 mil missões e socorreu 8,8 mil pessoas.
– Os helicópteros modelo esquilo têm capacidade para seis pessoas. Nos de modelo coala, cabem até oito.
– No entendimento da polícia, o impacto psicológico do sobrevoo do helicóptero faz a diferença nas abordagens. A tendência é que, perseguido pela aeronave, o suspeito deixe de se deslocar — o que facilita o cerco, em terra, para captura.

Fonte: ClicRBS, por Dagmara Spautz.

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