Cuidados com combustíveis e lubrificantes na aviação

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Tecnicamente o combustível de aviação é um líquido contendo energia química, que por meio de sua combustão desprende energia térmica. A energia é, então, convertida em energia mecânica pelo motor. Esse fenômeno físico de transformação de energia é usado para produzir a força necessária que movimenta o avião.

Cuidados com combustíveis e lubrificantes na aviação

Principais combustíveis de aviação

1 – Gasolina de Aviação (AvGas)

Mistura de hidrocarbonetos, destilada entre 30º e 170ºC, aproximadamente, atendendo a requisitos estabelecidos em rígida especificação nacional e internacional.

Uma característica relevante é que o alto valor do número de octanas permite ao motor de alta compressão fornecer a máxima potência sem detonação prematura. Atualmente, existem dois tipos principais de Gasolina de Aviação (Avgas 100LL e Avgas 100) comercializados internacionalmente.

Com intuito de facilitar a identificação essas duas versões, estes combustíveis contêm um corante artificial. Com a adição desse corante o Avgas 100LL torna-se azul e o Avgas 100 apresenta-se na cor verde.

Vale ressaltar, que os resíduos da evaporação da AvGas, originam a “goma” e pode provocar entupimento dos filtros e bicos injetores contribuindo para falha do motor em voo.

2 – Querosene de Aviação (QAv)

De acordo com especificações brasileiras existem dois tipos de querosene (QAv-1 e QAv-4), constituído de hidrocarbonetos obtidos do petróleo, destilado entre 150 e 300ºC.

Alguns inibidores podem ser adicionados para reduzir a corrosão e oxidação durante o uso continuado. Da mesma forma, são adicionados aditivos anti gelo para evitar o congelamento do combustível, durante a operação.

Lubrificantes de aviação

Os lubrificantes são as substâncias que, interpostas a duas superfícies, em deslocamento relativo, diminuem a resistência ao movimento. A principal função desse componente é evitar o contato metálico entre as peças, reduzir o atrito e, consequentemente o desgaste, bem como refrigerar o sistema.

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Os principais fatores que exercem influência na lubrificação são: Velocidade, Temperatura e Pressão.

Tipos de Lubrificantes:

– Líquidos – São os lubrificantes mais usados por seu poder de penetração e principalmente porque atuam como agente removedor de calor. Compreende os óleos minerais, óleos graxos e água. Aproximadamente, 95% dos lubrificantes são líquidos.

– Pastosos – São as graxas comuns e também as composições betuminosas. Sua principal característica é promover vedação e não escorrer. Participam com 3 a 5% do mercado.

As graxas homologadas para uso aeronáutico são utilizadas nos rolamentos, articulações e controles de aeronaves. Elas podem ser à base de sabão, sódio, cálcio ou lítio e óleo mineral.

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As graxas de aviação distinguem-se das graxas automotivas e industriais em vários aspectos. As principais diferenças entre elas são:

– granulometria dos materiais sólidos empregados;

– isenção de sílica;

– acidez livre; e

– microfiltração.

O processo produtivo dessa graxa deve atender as especificações aeronáuticas e não são substituíveis, nem tampouco miscíveis, com as graxas automotivas e as industriais. Durante o consumo desse componente, deve-se ter o extremo cuidado de manter sempre bem fechadas as latas, evitando sua contaminação em contato com o ar.

Outro item que exige a atenção das empresas e dos operadores de aviação, quanto aos cuidados relacionados com o manuseio e controle, é o óleo lubrificante para motores.

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De uma maneira geral, os seguintes aspectos devem ser observados na utilização de óleo lubrificante e graxa de aviação:

– usar a viscosidade recomendada pelo fabricante do motor, para a faixa de temperatura prevista;
– nunca usar aditivos estranhos ao óleo, pois estes já contêm os necessários, na proporção correta;
– cuidados com as latas abertas. Elas podem causar contaminação.
– estrita aplicação nos motores do óleo e da graxa especificados nos manuais;
– cumprimento da carta de lubrificação da aeronave;
– armazenamento em ambiente seco e com temperatura controlada;
– uso de EPI durante a manipulação desses materiais.

No processo de investigação de algumas ocorrências aeronáuticas conduzidas pelo SIPAER, frequentemente identificam-se como fator contribuinte os combustíveis e lubrificantes de aviação pelos mais variados motivos.

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As fotos anteriores ilustram esse fato. Durante as investigações da ocorrência, contatou-se que a aeronave apresentou falha de motor em voo e o combustível abastecido encontrava contaminado. Comparando-se a amostra drenada da aeronave em relação à gasolina normal, percebe-se que o combustível utilizado apresentava características que não atendiam as especificações previstas para a AVGAS.

Pressupõe-se que os combustíveis e lubrificantes para a aviação são produzidos dentro de normas rígidas e que as verificações de controle de qualidade atendem aos requisitos aeronáuticos exigidos. Considerando essa premissa verdadeira, os eventuais
fatores contribuintes de acidentes, estarão sempre restritos aos setores de manutenção e operação das empresas aéreas.

Nesse sentido, a análise de acidentes recentes mostra o uso de combustíveis não homologados como um dos mais importantes fatores em ocorrências relacionadas a combustíveis e falha de motores.

Os acidentes que estejam direta ou indiretamente relacionados com os combustíveis e lubrificantes; são causados por erros cometidos durante a estocagem, transporte, manuseio, reabastecimentos e utilização operacional.

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A fim de reduzir o nível de risco associado às tarefas de manuseio, controle e procedimentos para combustíveis e lubrificantes o SERIPA I recomenta as empresa e operadores da aviação civil que adotem as seguintes precauções:

Procedimentos para o abastecimento

– Acionar a empresa contratada para o abastecimento de combustível da aeronave;
– Garantir que os motores da aeronave estejam desligados;
– Garantir que existe, pelo menos, um extintor de incêndio, adequado, em posição de rápido uso, com pessoa postada e habilitada para seu uso;
– Garantir que não há pessoa fumando ou qualquer outro tipo de ocorrência que possa produzir faíscas;
– Garantir que não haja rádios ligados ou outros equipamentos que possam produzir faíscas;
– Manter um caminho livre, sempre seja mantido observar desobstruído, para permitir uma rápida evacuação do carro de abastecimento em caso de emergência;
– Observar que o carro de abastecimento e a aeronave estejam, adequadamente, conectados ao “terra”, de modo a descarregar a eletricidade estática e se evitar faísca;
– Garantir que os equipamentos elétricos não sejam operados durante o abastecimento;
– Verificar por meio de teste apropriados, fornecidos obrigatoriamente pelas empresas abastecedoras, a presença de água em suspensão no combustível.
– Ter certeza que a quantidade abastecida é aquela estabelecida para a etapa;
– Acompanhar a remoção da mangueira de abastecimento;
– Conferir, assinar e receber o recibo de abastecimento;
– Garantir que as tampas dos tanques de abastecimento da aeronave estejam adequadamente fechadas e travadas;
– Acionar as autoridades aeroportuárias e o Corpo de Bombeiros em caso de emergência;

Se durante o abastecimento for detectado vazamento de combustível recomenta-se o cumprimento das seguintes medidas corretivas:

– Interromper imediatamente o reabastecimento;
– Afastar as pessoas da área próxima do local de reabastecimento e evitar que objetos que produzam faíscas sejam utilizados no local;
– Preparar os extintores de incêndio;
– Caso seja possível, afastar a aeronave do local, com os motores desligados;
– Acionar o sistema de emergência aeroportuária informando o ocorrido; e
– Aguardar que a área seja descontaminada para continuar o abastecimento.

Em dias de chuva, se o abastecimento for estritamente necessário, alguns cuidados especiais se fazem necessários.

Preferencialmente, deve-se esperar a chuva passar, solicitar o teste de água no combustível, bem como, na medida possível, o filtro de camurça para o abastecimento. O uso de telefone celular e o fumo são proibidos durante o abastecimento.

Fonte: Informativo SERIPA I – Setembro 2013 – Edição Nº 17

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