Em Machadinho do Oeste/RO o Falcão 01 fez a diferença

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EDUARDO ANTONIO LEAL FERNANDES

No dia 27 de janeiro, às 12:30 hs, recebi uma ordem de apoiar, no dia 28, uma operação de cumprimento de mandado de prisão e busca com o FALCÃO 01 na cidade de Machadinho do Oeste – RO.

Como a operação era sigilosa, só tive conhecimento dos fatos na noite do dia 27, já na cidade de Ariquemes – RO, que ficava distante 60 nm do alvo, o qual era uma residência na área rural da cidade de Machadinho do Oeste – RO.

Às 05:30 hs do dia 28, partimos para a missão e o clima não estava ajudando muito, com o céu totalmente encoberto e uma leva garoa.

Formação de nuvens chamada em Rondônia de “barba de bode”.

Com 20 nm se tornou impossível prosseguir na rota, pois nuvens que aqui chamamos de “barba de bode” estavam coladas com as árvores e tive que realizar alguns desvios que me tiraram da rota cerca de 45º para a direita, atrasando a minha chegada no local da missão.

A cerca de 07 nm do alvo pensei em pousar, pois o vento e a chuva tinha aumentado muito. O FALCÃO 01 balançava bastante e notei algumas discrepâncias no velocímetro, altímetro e climb. Fiz como meu ilustre e célebre instrutor Alberto me ensinou. Diminui a velocidade e continuei no “visual”.

A esta altura estávamos todos molhados dentro da aeronave, pois estávamos sem porta, aparecia água de todo canto, mas ainda dava para prosseguir no “visual”, com local de pouso abaixo de nós.

Quando estávamos a cerca de 04 nm o “silêncio rádio” foi quebrado com gritos e disparos de arma de fogo e a precipitação aumentara. Tratei de aumentar a velocidade do FALCÃO 01 e anunciei minha posição via rádio, para os 07 Guerreiros do GASE (Grupo de Ações na Selva) da Companhia de Operações Especiais – COE, que estavam mantendo o cerco à residência desde as 02:00 hs, me sendo relatado que um elemento já tinha sido alvejado e que possivelmente teria outro homiziado com uma espingarda calibre 12.

Em minutos alcancei o alvo e passamos a operar conjuntamente. Tentei realizar um pouso no local para cumprimentar e abraçar os Guerreiros pelo sucesso da missão, mas o vento estava forte e variando muito, então resolvi retornar para Ariquemes.

O singelo (Schweizer 300) FALCÃO 01.

Quando anunciei minha retirada do local pelo rádio foi quando tive a resposta, que acho que deva arrepiar qualquer um, do Policial Militar Cleisson dizendo: ”Comandante…, muito obrigado pelo seu apoio, resolvemos iniciar a operação porque não tínhamos a certeza da chegada do senhor, em virtude da chuva… está chovendo desde as 03:00hs… só éramos nós sete e não sabíamos o que enfrentaríamos, passamos apertos durante a madrugada que quase denunciaram as nossas posições… Eu vibrei quando ouvi o barulho do helicóptero… eu sabia que o senhor viria!!!!

A partir deste instante soaram agradecimentos em forma de gritos no rádio, enaltecendo o singelo (Schweizer 300) FALCÃO 01, até este momento somente o meu corpo estava lavado em virtude da forte chuva, mas a partir daí minha alma também ficou lavada, realizei uma passagem (padrão) sobre o local e voltei para Ariquemes.


Fonte: Texto de Eduardo Antonio Leal Fernandes (Cap PM Leal).

Este artigo se refere a esta ocorrência: Jornal Eletrônico – Rondônia ao vivo.


24 COMENTÁRIOS

  1. Olhando atentamente as fotos e o relato, confesso que essa situção causa uma grande preocupação. Pelo que vi a segurança de voo foi esquecida. Acho que o momento é de reflexão, pois expor uma tripulação nessa situação é muito arriscado. Sugiro que o Cmte que fez isso pense mais um pouco sobre os riscos e decida se vale a pena seguir em frente em caso de condições atmosfériacas desfavoráveis. Que Deus te dê sabedoria.

  2. Ao senhor Paulo.
    Somos aviação policial, e vidas dependen de nossas atitudes. E ali, alem de vidas eram companheiros de combate. Não podemos nos dar o luxo de pensar, (sera que da!!!) HERÓIS ANÔNIMOS, GUERREIROS SEM FACE, OPERAÇÕES AÉREAS É QUE SOMOS.

  3. Se analisarmos com cautela, o que o senhor Paulo Silva disse não podemos descartar. Em se tratando de uma ocorrência policial como bem disse j.machado, é louvável tal empenho,mas não esqueçamos dos perigos que nos rondam. a foto acima nos mostra claramente as condições meteorológicas. Parabéns ao piloto, mas avalie bem o cenário para não ser surpreendido. Desejo sucesso ao Grupo Aéreo de Rondonia.

  4. Engraçado… ninguém reclama se a PM trabalha de dia, de noite, de madrugada. Ninguém se preocupa se isso atenta contra a segurança do policial. A sociedade só espera resultados, isso sim.
    Agora, se tratando de um helicóptero, que envolve questões pessoais em boa parte dos Estados, aparecem vários doutrinadores.

  5. Parabéns Cmte Leal, são atitudes como essa que mostram a importância da Aviação Policial e também de termos POLICIAIS de verdade empenhados nas missões. Missão dada, é missão cumprida!

  6. Parabens ao Cap Leal pela excelente missão!

    Que Deus continue abençoando-o e a todos policiais de Rondônia.Que Ele zele pela segurança de todos em todas as adversidades da profissão Policial.

    Fica com Deus meu amigo!

  7. Párabens a tripulação do Falcão 01, porém senhores lembren-se primeiro a nossa segurança depois a segurança dos outros, pois existem pessoas mais importante que esperam nosso retorno, será que dois marginais são mais importantes que nossas vidas?

  8. Cmt Leal, parabéns, o Sr. é um ás, um herói, é o cara! Que Deus te proteja sempre nas tuas aventuras aéreas! O pessoal do CENIPA que tá lendo isso deve estar se estremecendo. Apenas para lembrar, a doutrina de segurança de voo se aplica a todos, inclusive à aviação de segurança pública.

  9. Lembre-se amigo o maior heroi e o mais corajoso e aquele que sabe recuar e dizer não… nem sempre podemos contar com a sorte e por isso precisamos ter a sabedoria de avaliar o risco..
    Grande abraço…

  10. Pois tenha consciencia que se cair(Deus queira nunca) essas pessoas que hoje estão te elogiando e chamando de heroi estarão apontando o DEDO..vc sabe por que falo isso…então cuidado pois não terá apoio na tragedia…
    Abraço

    • Caros leitores,

      Este artigo, rico em conteúdo e de grande desprendimento por parte do autor, não cabe ao meu ver, elogio ou crítica, apenas REFLEXÃO, pois somos colocados ou colocamo-nos em situações, por vezes inesperadas ou imprevisíveis.

      Ai está a importância do texto. Se todos nós fossemos avaliar o que fazemos antes decolar, nenhuma aeronave de segurança pública sairia do chão. Aqui é um momento de pensar no que precisamos fazer para mitigar esses riscos. Se tivessemos todas as respostas não seríamos seres humanos. Somos falíveis.

      Esse é um momento de reflexão. Usem este texto como estudo de caso, aproveitem as coisas boas e as ruins e façam melhor.

      Temos o costume de falar antes de pensar ou fazer, as pessoas tendem a falar mais e fazer menos. Escrever é uma tarefa para poucos, infelizmente. Sinto isso diuturnamente no meu dia a dia. Pensamos muito no que o outro é ou está fazendo e muito pouco no que podemos melhorar.

      Perguntem-se no que pretendem ser e onde querem chegar. Perguntem-se em que podem ajudar e no que precisam ser ajudados. NINGUÉM é dono da razão.

      Escrever um texto como esse é tarefa para poucos…muito poucos.

      Caro amigo Leal agradeço por compartilhar conosco sua experiência e sei das aflições que passou durante essa missão, muitos já passaram por isso, mas não tiveram coragem de escrever e, assim, ajudar seu companheiro de aviação.

      Bons voos!

      Eduardo Alexandre Beni

  11. Caríssimos amigos,

    Agradeço imensamente as palavras postadas aqui no site, são críticas positivas e negativas que levarei como ensinamentos para o resto de minha vida.

    Primeiramente, gostaria de deixar bem claro que ao repassar este texto para meu irmão Beni, escrevi lhe dizendo o seguinte: “Sei que muitos vão me chamar de louco, mas este relato serve como um RELPREV”.

    Este texto são meias palavras, do qual o intuito foi realmente de REFLETIR, para se aproveitar o que tem de bom e de ruim, como expôs meu irmão.

    Como costumeiramente praticamos aqui no NAvSegP, discutimos (todos) com total afinco os erros e acertos desta missão, que não foram poucos, elencando e deixando registrado todos os pontos negativos e positivos da missão.

    Meu caro amigo “didi”, muito obrigado!!! confesso que em certo momento desta missão pensei em voçê… Me ajudou muito!!!!

    Se me perguntassem se faria novamente esta missão, eu diria que sim, mas de uma forma um pouco diferente.

    Sei também que muitos já passaram por isso, portanto…. vamos aproveitar esta oportunidade e relatar nossas missões, nossas angústias e nossas vitórias.

    Por fim, me deixo a interia disposição de todos para sanar quaisquer dúvidas. Meu e-mail particular está decrito na seção de Órgãos (Rondônia) deste site.

    Desejo bons vôos a todos e que DEUS lhes abençôe!!!

    Eduardo Antonio LEAL Fernandes

  12. Cmte Leal sei muito bem como se sente, pois ja passamos algumas dificuldades em relação a meteoro, já que a teoria é muito razoalvelmente clara, porém a prática, esta já fica um pouco além de nossa vontade. Então parabenizo-o por sua coragem em voar e principalmente em colocar sua experiencia nesta missão a nossa disposição, tenha certeza que atitudes como a sua são muito importantes para a nossa aviação.
    Esta é a opinião de Piloto Policial

  13. Grandissíssimo Piloto de Schweizer 300, Cap. Leal, é com grande alegria que vejo o senhor desembocando missões nesta máquina tão singela, como foi dito no texto. A sabedoria diz que não. A razão diz que sim. Neste momento, somente o comandante da aeronave sabe o que fazer, como fazer e se vai fazer.
    Parabéns pelo desprendimento com que tem tocado a aviação de Segurança Pública num estado tão carente de recursos. Quando o senhor tiver um AS350, poderei ajudá-lo rsrsrsrsrs. Por enquanto, só posso lhe desejar muita sorte e que todos de Rondônia tenham ciência que mesmo com carência de recursos (e de máquina) o melhor está sendo feito.

    Felicidades, meu caro amigo.

    SGT SOUZA LOPES – PMDF
    MECÂNICO DE MANUTENÇÃO AERONÁUTICA
    MJ/SENASP/DFNSP/AEAP

  14. Parabens comando por essa missão, e bem lembrado as instruções do instrutor Alberto (instrutor chefe da EDRA AERONAUTICA), ao qual devemos muito por nos fazer pilotoS.

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