As crianças precisam inventar mundos possíveis, onde elas possam viver até a fantasia de que isso é um filme, onde vão aprender a identificar quais são as armas pelo som. Acho que isso é um alerta para a população brasileira, pois o que está acontecendo no Rio existe uma tendência de ser reproduzido em outros estados”, concluiu.
Há sete meses, ainda durante a intervenção federal, o então secretário de Segurança, general Richard Nunes, cumpriu uma decisão judicial e estabeleceu um protocolo para ações das polícias Militar e Civil.
Pela nova regra, as operações não podem ser feitas em horários de maior fluxo nas proximidades de escolas, creches e postos de saúde. Em caso de uso de helicópteros, os policiais não podem disparar rajadas, apenas tiros intermitentes.
Os disparos só são autorizados para legítima defesa dos tripulantes, de equipes em terra e da população.
Presidente Comissão de Segurança Pública da OAB Federal, Breno Melaragno ressalta que o uso do aparelho é necessário, mas deve ser criterioso.
“O que não pode haver em hipótese alguma, independente de protocolos, é exposição a risco da população moradora do local. É algo inconcebível. É um emprego necessário para o policiamento, mas tem que ser feito de maneira muito cuidadosa”, defende.
APOIO E SALVAMENTO
Considerada uma aeronave multimissão, o “caveirão do ar” também é empregado na geração de imagens e videomonitoramento, salvamento marítimo e em altura, transporte aeromédico e missões humanitárias — como aconteceu em 2011, na Região Serrana do Rio, após a tragédia climática que deixou 918 mortos e milhares de desalojados e desabrigados.

Helicóptero da Polícia Militar participa de operação na Cidade de Deus Foto: Reprodução/ TV Globo
Era a única aeronave que, em teto baixo, levantava voo para realizar resgates e transportar mantimentos. Na época, o então diretor-geral de polícia especializada, delegado Ronaldo Oliveira, coordenou por três dias o apoio aéreo.
“Fizemos diversos voos em Teresópolis e conseguimos fazer vários resgates, inclusive o de um policial e um cachorro que ficaram ilhados na delegacia de São José do Vale do Rio Preto”, lembrou Oliveira, defendendo o apoio técnico do blindado em operações desencadeadas em favelas onde há resistência de traficantes. “Todos os policiais são altamente treinados e experientes, são pessoas que seguem totalmente o protocolo.
O uso da aeronave é fundamental, cabe ao técnico que está dentro dela fazer um bom uso”, salientou ele, lembrando que em 2016 a falta do helicóptero na ação realizada no Complexo da Maré viabilizou a fuga do traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, e contribuiu para que dois agentes fossem feridos.
Em 2009, um helicóptero da PM foi abatido por traficantes do Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Três policiais morreram, outro três ficaram feridos. O helicóptero fênix, que tinha apenas o fundo blindado, foi atingido por disparos de bandidos durante uma operação para acabar com a guerra entre bandidos rivais.
Para o ex-secretário Nacional de Segurança Pública coronel José Vicente da Silva Filho, a aeronave “não é para brincar ou fazer demonstrações”.
“O helicóptero é um instrumento potente estritamente usado para proteger a guarnição na hipótese de área de risco, mas não para atirar de cima para baixo se não for em legítima defesa. A aeronave não pode ser transformada em arma de guerra.”
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