Transporte de órgãos, resgates e operações policiais: os voos que salvam vidas

Anúncio

Rio Grande do Sul – Às 10h14min de terça-feira (30/07), um helicóptero Koala AW119 Kx, com dois pilotos e um tripulante operacional a bordo, decolou em frente ao Batalhão de Aviação da Brigada Militar (BM), em Porto Alegre. Da pista, localizada junto ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, partiram com destino ao município de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. A missão era buscar um coração, que seria transplantado na Capital.

Integram a equipe 51 policiais militares. foto;Félix Zucco / Agencia RBS
Integram a equipe 51 policiais militares.
foto;Félix Zucco / Agencia RBS

Transportes de órgãos, resgates de pessoas e apoio em operações fazem parte da rotina dos policiais militares que integram o grupo aéreo da BM. As malas de viagem depositadas sobre os armários no alojamento do batalhão são a mostra de quem convive com dias incertos e lida com a preciosidade do tempo.

Em casos de emergência, em média, os policiais têm, no máximo, três minutos desde o chamado até a decolagem. Agilidade que justifica o preparo antecipado. Dentro das aeronaves, permanecem os materiais para resgates em diferentes locais. Quando um helicóptero decola, o outro é mantido em frente ao hangar.

— Precisamos estar sempre prontos para qualquer tipo de operação. Nunca sabemos quando vamos voltar para casa — relata o soldado Jair dos Santos, que tem, entre os resgates marcantes na carreira, o salvamento de três pessoas que ficaram feridas durante um rapel em Maquiné, há quatro anos, após serem atacadas por abelhas.

Foram 13 missões de transporte de órgãos realizadas pela equipe da Capital. foto;Félix Zucco / Agencia RBS
Foram 13 missões de transporte de órgãos realizadas pela equipe da Capital.
foto;Félix Zucco / Agencia RBS

O Batalhão de Aviação possui total de 51 militares, entre pilotos, tripulantes operacionais, mecânicos, operadores de pista e servidores administrativos. Um caminhão, com capacidade para 3 mil litros de combustível, também acompanha as operações, quando necessário.

Coração foi buscado em Sapucaia do Sul Brigada Militar / Divulgação
Coração foi buscado em Sapucaia do Sul
Brigada Militar / Divulgação

Neste ano, foram 13 missões de transporte realizadas pela equipe da Capital a partir de solicitações da Central de Transplantes. A mais recente ocorreu na manhã dessa terça-feira, quando o batalhão foi informado sobre a necessidade de buscar o órgão. A aeronave decolou em direção ao campo do Grêmio Esportivo Sapucaiense, em Sapucaia do Sul, ponto mais próximo do Hospital Municipal Getúlio Vargas, onde é possível pousar o helicóptero.

A bordo da aeronave estavam o major Robson Emanuel Leite Camargo e o capitão Douglas Corrêa, ambos pilotos, além do soldado Alexandre Bered. No gramado do campo, embarcou a equipe médica com o órgão captado. De lá, seguiram em direção à Capital, onde o coração seria transplantado no Instituto de Cardiologia.

— É algo que gera uma grande mobilização, já que se sabe a importância que tem esse transporte — descreve o capitão Douglas, destacando que esse tipo de voo é considerado prioritário.

No transporte de órgãos, há casos em que os policiais levam a equipe médica até o hospital onde será feita a captação. No local, aguardam pelo procedimento. Depois, são responsáveis pelo retorno até a casa de saúde onde será realizado o transplante.

Pista do batalhão fica junto ao aeroporto Salgado Filho. foto:Félix Zucco / Agencia RBS
Pista do batalhão fica junto ao aeroporto Salgado Filho. foto:Félix Zucco / Agencia RBS

Quando a captação do órgão é feita fora do Rio Grande do Sul, é preciso empregar uma aeronave maior, como o King Air B200, avião usado em geral para o transporte do governador e de outras autoridades.

Às 11h53min, o Koala pousou novamente em frente ao hangar. O trio desembarcou com a missão cumprida. E pronto para a próxima tarefa.

— O serviço pode ser tranquilo, como pode ser dinâmico. Chegamos aqui hoje de manhã sem imaginar que participaríamos de mais esse transporte. Dá uma satisfação, com certeza — afirma o major Robson.

Na terça-feira, equipe buscou coração em Sapucaia do Sul. foto;Félix Zucco / Agencia RBS
Na terça-feira, equipe buscou coração em Sapucaia do Sul. foto;Félix Zucco / Agencia RBS

Segundo a Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, o Batalhão de Aviação faz transportes de órgãos em distâncias de até 300 quilômetros. Quando é necessário algum tipo de escolta por terra, a central solicita ajuda para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Comando Rodoviário da Brigada Militar ou EPTC. Em voos interestaduais, Força Aérea Brasileira (FAB) também auxilia.

Algumas ações  do batalhão

Cerco a criminosos 

Buscas após chacina em Alvorada Brigada Militar / Divulgação
Buscas após chacina em Alvorada
Brigada Militar / Divulgação

Uma das ações realizadas pelo batalhão é o auxílio em operações policiais. Em geral, o grupo é acionado para participar de buscas a criminosos. Na imagem ao lado, prestavam apoio na Vila Formoza, em Alvorada, em abril de 2019, onde a BM fez cerco após uma chacina. É comum também o emprego das aeronaves em procuras por assaltantes de bancos.


Resgate no mar 

Aviação auxiliou em resgate em 2016 Brigada Militar / Divulgação
Aviação auxiliou em resgate em 2016
Brigada Militar / Divulgação

Em dezembro de 2016, o batalhão foi responsável pelo resgate de tripulante, comqueimaduras graves,  que estava em navio panamenho, no Litoral Norte. Quando foi salvo pelos policiais, o homem, de nacionalidade grega, estava consciente, mas com ferimentos nos braços e pernas. O helicóptero da BM levou a vítima até terra firme, onde uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) já aguardava. Ele foi encaminhado ao hospital.

Salvamento com rapel 

Batalhão fez salvamento em ataque de abelhas Bruno Alencastro / Agencia RBS
Batalhão fez salvamento em ataque de abelhas
Bruno Alencastro / Agencia RBS

A equipe integrou o grupo que resgatou três pessoas após um acidente em uma região de mata fechada na localidade de Barra do Ouro, em Maquiné, em janeiro de 2015. Sete pessoas foram atacadas por abelhas, enquanto praticavam rapel. Duas morreram em decorrência da queda e outras duas caminharam por 15 quilômetros para pedir ajuda. Com uso de helicóptero, outras três foram resgatadas.Os dois corpos foram removidos.

Aeronaves em uso*

Esquilo HB 350B – É o principal helicóptero operado por organizações policiais. Pode ser ocupado por até seis pessoas  _ dois pilotos e quatro passageiros. Permanece equipado na pista em frente ao hangar para ser usado em buscas e resgates tanto em água quanto em terra, patrulhamento aéreo, vigilância e transportes.

SONY DSC
SONY DSC

Koala AW119 Kx – Utilizado pela primeira vez pela BM em janeiro de 2016, é o helicóptero mais moderno usado pelo batalhão. Capta imagens em alta resolução, ajusta luminosidade para monitoramento noturno e atua com sensor infravermelho. Possui capacidade para até oito pessoas (dois pilotos e seis passageiros). É equipado, assim como o Esquilo.1468505453PR-POS_07JUL16_LOGO

King Air B200 – Possui capacidade para até dois pilotos e oito passageiros. O avião é utilizado para transportar o governador do Estado e autoridades. É empregado, por exemplo, para buscar órgãos fora do RS.41469_1510241272

* Não inclui as utilizadas em instruções do Centro de Formação Aeropolicial (CFAer). 

Deixe uma resposta

- Saiba o que é trollagem: Cuidado com os TROLLS !

- Política de moderação: Política de moderação de comentários: sua consciência

Os comentários não representam a opinião do Piloto Policial. Os comentários são de responsabilidade dos respectivos autores.

Comentários

comentários