Helicóptero do Ciopaer vira “espião” e combate bandidagem

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Há dez anos a Segurança Pública de Mato Grosso conta com um apoio de peso para combater ações criminosas na região metropolitana de Cuiabá, o Centro Integrado de Operações Áreas (Ciopaer).

Com uma base no Aeroporto Marechal Rondon em Várzea Grande, a corporação ganhou novas tecnologias e se transformou em uma espécie de “espião” das Polícias Militar e Civil.

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“Em muitos casos, é impossível uma viatura em solo conseguir localizar um suspeito, ou um veículo roubado. E é aí que o Ciopaer entra. Do alto, temos uma visão privilegiada, e depois de visualizado é quase impossível o criminosos escapar da ação do helicóptero”, afirma o comandante do Ciopaer,  tenente-coronel PM Henrique Santos, ao explicar que a aeronave pode voar mais de 6 mil metros de altitude a 200 km/hora.

Atualmente, a corporação conta com três helicópteros, os chamados Águia, e quatro aviões. A hora voo de cada aeronave custa em média R$ 2 mil para o Estado.

O efetivo do Ciopaer é composto por 69 servidores entre policiais militares, civis e bombeiros.

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Em entrevista a reportagem,  o comandante contou que a corporação passou por uma reestruturação administrativa e operacional “que tem dado bastante resultado”.

Entre as mudanças administrativas, conforme o coronel, está a redução do contrato do seguro das aeronaves. Antes o governo pagava R$ 1,1 milhão pelo serviço. Hoje o custo é de R$ 600 mil, segundo o coronel.

“Também conseguimos baixar o valor do combustível e a manutenção das aeronaves em até 30%”, afirmou o comandante. Já entre as mudanças operacionais, está a implementação do patrulhamento noturno.

“É fato: quando o helicóptero está no ar, os criminosos se sentem inseguros. Recebo mensagens de policiais que dizem que quando fazemos um patrulhamento em determinado bairro, toda a região não registra nenhuma ocorrência em pelo menos duas semanas”, argumentou comandante.

Para realizar o patrulhamento no período noturno, o helicóptero conta com um equipamento capaz de “enxergar” no escuro. O FLIR (do inglês Foward Looking Infra-Red) detecta a radiação infravermelha emitida por objetos quentes, como veículos em movimento ou mesmo pessoas.

“Quando um suspeito está escondido em uma mata, no escuro, nós jogamos o foco do equipamento nesse local e conseguimos encontrá-lo pelo calor do corpo”, explicou o coronel.

De acordo com o comandante, os patrulhamentos aéreos são realizados de segunda a segunda, de manhã, à tarde e a noite. O tempo de voo e os locais sobrevoados são escolhidos pela equipe de inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

Nos dois primeiros meses deste ano, segundo o comandante, o Ciopaer já participou de 18 operações, realizou 177 atendimentos entre fiscalização, apreensão e resgate e recuperou 26 veículos. “No ano passado, durante todo ano, nós recuperamos 38 veículos. Neste ano já conseguimos recuperar mais que o dobro de 2015”, disse o coronel.

Patrulhamento

O reportagem acompanhou na última quinta-feira (10),no período matutino, como Ciopaer realiza o patrulhamento aéreo na Capital e Várzea Grande.

Ao lado do piloto Lázaro, do copiloto, o comandante Santos, e outros dois tripulantes armados com fuzis, a reportagem pôde observar uma perseguição contra uma dupla suspeita de roubo.

O helicóptero Águia decolou da base do Aeroporto Marechal Rondon às 9h45 para sobrevoar os bairros da Manga e Construmat, em Várzea Grande.

Às 10h, o oficial de área da região do Coxipó, em Cuiabá, acionou o helicóptero para procurar uma caminhonete S10 branca e um Fiat Strada também branco que haviam sidos roubados de um comércio na Avenida Fernando Correa.

Os criminosos teriam fugido com um refém em direção à Avenida Beira Rio. De imediato o helicóptero começou as buscas. Atentos, os tripulantes direcionavam a procura. Todas as S10 e Fiat Strada que estavam na região foram analisadas para verificar se eram fruto do roubo. Os carros foram encontrados por uma viatura da Polícia Militar na saída para Rondonópolis. Os dois suspeitos do crime foram presos e levados para a Central de Flagrantes.

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Após o patrulhamento, um dos tripulantes, cabo Ronei, contou à reportagem que é apaixonado pelo seu trabalho.

Ele está no Ciopaer desde a sua fundação, há 10 anos. “Fui adquirindo experiência ao longo dos anos e, ainda hoje, cada ocorrência me surpreende e eu aprendo cada dia mais”, diz. “É muito prazeroso o meu trabalho. Sou apaixonado pelo serviço militar e pela aviação. Felizmente consegui juntar essas duas paixões na minha carreira”, completa.

Resgate

Além dos patrulhamentos, o Ciopaer também trabalha em ocorrências de resgate. Recentemente, a corporação foi acionada para socorrer o coronel da Polícia Militar Celso Henrique Souza Barbosa, que foi atropelado enquanto andava de bicicleta, nas proximidades do trevo de Livramento, na BR-070.

Conforme o coronel, o policial recebeu os primeiros socorros no local e, logo em seguida, foi levado pelo helicóptero Águia para o hospital Jardim Cuiabá. Porém, nem mesmo o atendimento rápido impediu que o quadro dele se agravasse. O policial faleceu no dia 1º de março.

“Além desse resgate do coronel, nós realizamos outros três resgates nesse ano. Graças a Deus foram poucos”, diz o comandante Santos. Ele explicou que para o resgate a equipe conta com um bombeiro especializado em atendimento pré-hospitalar.

“Quando é possível, o médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência também acompanha o resgate, como foi o caso do coronel”, frisa. Conforme o comandante, a Sesp está avaliando comprar um kit de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para colocar em um dos aviões do Ciopaer.

O objetivo é melhorar o atendimento para vítimas de resgates no interior.

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“Muita gente pensa que os aviões servem só pra levar autoridade pra lá e pra cá. Na verdade não. Os nossos aviões fazem vários tipos de serviço. Vou citar um exemplo: recentemente houve um acidente com servidores do Detran em Barra do Garças e o avião foi buscá-los pra trazer para Cuiabá”, explica.

“Como o Estado é muito grande e às vezes os municípios do interior não têm estrutura médica, é preciso trazer essas vítimas para Cuiabá. Então precisamos dessa estrutura para dar suporte a elas (vítimas)”, completa.

Outro trabalho feito pelos aviões do Ciopaer, conforme o coronel, é o transporte das tropa do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Goe (Grupo de Operações Especiais) para atendimento de ocorrências no interior, em casos, por exemplo, de assalto a banco.

“Se essa tropa fosse de carro demoraria um dia para chegar. Mas de avião, eles demoraram no máximo 2 horas. Com isso, a tropa consegue ter mais eficiência na procura dos bandidos e também dar mais tranquilidade à população”, contou.

Descentralização

O município de Sorriso (420 km ao Norte de Cuiabá) deve ter em breve uma base do Ciopaer. A base está sendo construída pela Prefeitura no aeroporto da cidade.

“Estamos trabalhando há anos na busca dessa descentralização da segurança no que se refere às questões aéreas. Agora, com o apoio do Executivo Estadual, conseguimos que uma estrutura viesse para Sorriso, atendendo o médio norte e o norte do Estado”, comemora o vice-prefeito da cidade, Éderson Dal Molin.

Conforme Dal Molin, a base deverá contar com aproximadamente 1.400 metros quadrados, contendo salas administrativas, sala de rádio, depósito de materiais, refeitório, entre outros.

Para o comandante Santos, a descentralização do Ciopar e vai ajudar  na cobertura de operações policiais, resgate e salvamento do Estado. “Além de tudo, vamos reduzir gastos, já que quando precisamos atuar no norte temos que sair daqui da Capital e a hora voo, como já foi dito, custa R$ 2 mil”, explicou o comandante.

Fonte: Mídia News

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