Uma breve história dos serviços aeromédicos com helicópteros

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No final da primavera de 1969, um menino chamado Björn Steiger passou o dia em uma piscina local em sua cidade natal, Winnenden, Alemanha. No caminho para casa naquela tarde, ele foi atropelado por um carro. A polícia local e a Cruz Vermelha são contatadas imediatamente, mas leva quase uma hora para que a ambulância chegue ao local. Björn Steiger morre a caminho do hospital.

Esta história e muitos outras eram a realidade do que serviços de emergência médica passaram em grande parte do século 20. Seja sofrendo um ferimento no topo de uma montanha ou no meio de uma rodovia, um sistema precário de resposta a emergência fez com que muitas vítimas não recebessem os cuidados de que precisavam com a rapidez necessária.

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A frota global de helicópteros Alouette III acumulou mais de sete milhões de horas de vôo no total, com muitos desses helicópteros ainda em serviço operacional hoje.

Hoje, os sistemas de serviço aeromédico com helicópteros (Helicopter Emergency Medical Services – HEMS ) amadureceram em muitos países ao redor do mundo. A maior vantagem é que os helicópteros podem chegar a um local de três a cinco vezes mais rápido do que um veículo terrestre e, às vezes, é a única maneira de acessar a cena do acidente em terreno inóspito. Os pacientes recebem tratamento médico mais cedo e a chance de sobrevivência em casos críticos aumenta significativamente. As aeronaves da Airbus foram fundamentais no desenvolvimento dos sistemas HEMS que funcionam hoje.

HEMS para uso civil

A evacuação aeromédica começou sua história com aeronaves de asa fixa, mas foi nas guerras da Coréia e do Vietnã que o uso de helicópteros se tornou padrão para evacuação aeromédica militar (MEDEVAC). Com um impacto tão positivo, o HEMS logo foi introduzido na esfera civil.

A frota global de helicópteros Alouette III acumulou mais de sete milhões de horas de vôo no total, com muitos desses helicópteros ainda em serviço operacional hoje.
A frota global de helicópteros Alouette III acumulou mais de sete milhões de horas de vôo no total, com muitos desses helicópteros ainda em serviço operacional hoje.

Vários países abriram caminho na adoção do uso de helicópteros para atendimento da população civil. A empresa Flight for Life tornou-se a primeira operadora HEMS civil dos Estados Unidos em 1972, com base no Hospital Central St. Anthony em Denver, Colorado.

O francês Sécurité Civile realiza missões de resgate desde 1959, quando pela primeira vez resgatou um montanhista que sofreu um ataque cardíaco no ponto de descanso mais alto do Monte Branco (pico mais alto de toda a Europa), o refúgio Vallot, a 4.362 metros. Na Alemanha, as autoridades tomaram a decisão de iniciar um período de teste do helicóptero aeromédico com um médico e um paramédico a bordo, a fim de encurtar o tempo de resposta aos acidentes, sendo o operador pioneiro no conceito de levar o médico ao local do acidente. Esta abordagem fornecia cuidados primários dentro de 10-20 minutos após soar o alarme.

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O pioneiro helicóptero Bo 105 foi adquirido por mais de 300 operadores em todo o mundo, incluindo o serviço alemão de resgate aéreo ADAC.

Helicópteros Airbus que ajudaram a pavimentar o caminho

O helicóteptero Alouette III foi fundamental para o crescimento de HEMS e atividades de resgate de montanha em todo o mundo. Foi o helicóptero no qual o operador suíço REGA, o austríaco ÖAMTC, o Flight for Life dos Estados Unidos, o Sécurité Civile da França e o DRF Luftrettung da Alemanha iniciaram o desenvolvimento de suas atividades.

Nas décadas seguintes, os helicóptero do modelo Bo 105 e o BK117, desenvolvidos no final dos anos 1970, foram alguns dos helicópteros de maior sucesso em HEMS. O design especial do Bo 105 – com recursos como piso plano da cabine, porta de carregamento traseiro e um rotor principal e de cauda altos – facilitava o embarque do paciente e contribuiu para seu sucesso. Quando o operador alemão ADAC montou sua primeira base aeromédica permanente em Munique em 1970, um helicóptero Bo 105, batizado de “Christoph 1”, foi usado para iniciar suas operações. O helicóptero foi desenvolvido pela empresa predecessora da Airbus Helicopters, a MBB, e em estreita cooperação com a ADAC.

Hoje, os modelos H135 e o H145 são os helicópteros mais populares em operações HEMS em todo o mundo. O feedback e pedidos da comunidade HEMS foram implementados no projeto do H135 em meados da década de 1990 e, posteriormente, no H145, que começou a produção em 2014. Hoje, 55% do total de 2.750 helicópteros que estão em operações HEMS dedicadas em todo o mundo são helicópteros Airbus.

HEMS modernos

Atualmente, existem muitos modelos diferentes para atividades HEMS em todo o mundo. Em alguns países, as operações são administradas pelo governo, em outros são baseadas em empresas filantrópicas ou modelos de negócios privados – ou uma combinação de ambos. O nível de cobertura também difere, dependendo da geografia, dos recursos financeiros e do nível de maturidade da organização no respectivo país.

O sistema HEMS na Europa hoje oferece cobertura em quase todos os países da UE. A maioria das bases do HEMS trabalha com o princípio de intervenção rápida com equipes de emergência especializadas para atendimento primário. Geralmente, há uma proporção de 1 a 1,5 helicópteros por um milhão de habitantes, mas em áreas onde as populações estão espalhadas por regiões montanhosas ou fiordes, como na Áustria ou na Noruega, a proporção pode chegar a cinco helicópteros por um milhão de habitantes.

Lançado em 1982, o BK117 se tornou particularmente popular entre as operadoras dos Estados Unidos - incluindo o provedor de Helicopter Emergency Medical Services (HEMS), Boston MedFlight.
Lançado em 1982, o BK117 se tornou particularmente popular entre as operadoras dos Estados Unidos – incluindo o provedor de Helicopter Emergency Medical Services (HEMS), Boston MedFlight.

Nos Estados Unidos, existem mais de 1.000 helicópteros HEMS transportando cerca de 400.000 pacientes anualmente. Os modelos HEMS variam, incluindo operadoras com e sem fins lucrativos que oferecem opções de sistemas baseados em hospitais, onde o hospital opera o programa, a modelos de fornecedores independentes e programas administrados por condados. Em 2016, 86,4% da população dos EUA estava coberta por um serviço aeromédico, em uma área de resposta de 15-20 minutos.

Mercados emergentes para HEMS

O interesse pelas operações HEMS cresceu nos mercados emergentes. Malásia e China, entre outros, iniciaram com sucesso suas primeiras atividades HEMS. Como os programas continuam a ser lançados em mercados emergentes ao redor do mundo, os desafios iniciais precisam ser superados. Antes da introdução dos helicópteros, as autoridades devem garantir que a infraestrutura esteja pronta, como ter pessoal qualificado disponível e informar a população sobre os procedimentos de emergência. Países como Índia, Brasil, México e Indonésia são candidatos potenciais para um forte desenvolvimento de HEMS nas próximas décadas.

Melhorias futuras do HEMS

Uma série de inovações está em andamento para melhorar a segurança das missões HEMS. De sistemas de visão sintética a comunicações por satélite e algoritmos de inteligência artificial de autoaprendizagem, todas essas tecnologias visam facilitar a carga de trabalho do piloto e melhorar a segurança operacional. Plataformas menores de decolagem e pouso vertical (VTOL) estão sendo estudadas para seu uso como “transporte médico” e podem desempenhar um papel complementar no futuro das operações HEMS.

As tecnologias e inovações para HEMS são ilimitadas e promissoras no que podem alcançar. A Airbus continuará a ser pioneira no desenvolvimento desse caminho, empenhada em alcançar novos patamares para o que é possível em serviços aeromédicos de emergência.

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