Eduardo Alexandre Beni
Cel RR da Polícia Militar de São Paulo
Ao longo da minha carreira como piloto dos helicópteros Águia da Polícia Militar de São Paulo tive a oportunidade de realizar, ao lado de médicos e enfermeiros, centenas de resgates de homens, mulheres e crianças feridas, ou porque foram soterradas, caíram de uma laje, sofreram choque elétrico, sofreram um acidente automobilístico, afogaram-se, foram feridas por armas de fogo ou facas, picadas por cobras ou vítimas de uma parada cardíaca, etc.
Minha missão era pilotar o helicóptero com segurança e levar a equipe médica até o local da vítima, onde pudesse ser atendida. Depois era embarcá-la no helicóptero e, assistida pela equipa médica, levá-la ao hospital. Minha função era conduzir e tentar ficar isento de emoções.
Mas era a equipe médica que estava ali que iria salvar aquela vida e, de forma digna e profissional, tentar minimizar aquele momento de sofrimento. Olhar para a vítima e pensar: vou tentar salvá-la. Em seguida Agir. Muitas vezes conseguia, outras não. Eram momentos de alegria ou de tristeza, mas todos com o sentimento de dever cumprido.
Hoje, 18 de outubro, em homenagem à São Lucas, é comemorado o Dia do Médico. Vi e observei nesses anos médicos incríveis, pessoas abnegadas e prontas para salvar vidas. Nesse sistema, os médicos e enfermeiros são o eixo que fazem girar essa engrenagem.
Imaginem um homem com mais de 70 anos caminhando numa via central de uma avenida movimentada. Um mulher grávida dirigindo seu veículo num dia de garoa. Ela ao frear o veículo, a fim de pará-lo no sinal vermelho, aquaplana e atropela esse senhor.
O águia é acionado e vamos para o local. Num dia de tempo ruim conseguimos pousar com segurança na via e o Médico desembarca rapidamente em direção à vítima. O senhor estava deitado no chão com a perna direita amputada e a outra com múltiplas fraturas. A mulher grávida dentro do veículo totalmente transtornada.
O Médico do Águia não se fez de rogado, senta-se ao chão, enquanto o enfermeiro auxiliava com os medicamentos, e começou a suturar o que ainda restava da perna a fim de conter a hemorragia e salvar a vida daquele homem. Outra equipe atendia a mulher, que apesar do susto e do desespero, passava bem.
O Médico conseguiu salvar aquele homem. Eu lembro desse dia, pois de todos, esse foi um dos mais marcantes. O Médico, tentando conter a hemorragia, ficou totalmente coberto de sangue. Parecia que havia saído de uma campo de guerra. Ele estava todo paramentando e só foi perceber como estava quando chegou no centro cirúrgico da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde outra equipe médica aguardava.
É exatamente isso, ele estava ali para salvar aquela vida, completamente dedicado em ajudar aquele homem. E ele conseguiu.
Como esse, foram muitos outros. Nesse momento, existe um Médico tentando salvar a vida de uma pessoa enferma. De tudo que passei, trabalhar ombro a ombro com esses profissionais, foi gratificante e humano. Eles salvam vidas. Sim, os Médicos, os enfermeiros, são os responsáveis por esta engrenagem ainda girar.
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