Vants da FAB apoiam apreensão de 2 toneladas de maconha na fronteira

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Em 13 dias, uma operação das Forças Armadas em parceria com órgãos federais e estaduais apreendeu 2 toneladas de maconha, 650 kg de explosivos, oito armas e 510 kg de agrotóxicos contrabandeado em 3.550 km de áreas de fronteira. Tudo isso graças às informações conseguidas por meio do RQ-450 um dos dois Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) da Força Aérea Brasileira.

Conheça outros tipos de Vant

Comandadas por terra, as aeronaves fazem parte do primeiro esquadrão de Vant da FAB, baseado em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Desde o dia 10 deste mês uma delas atua na operação Ágata 2, que ocorre nas áreas fronteiriças do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.

A aeronave, de fabricação israelense com 6 m de comprimento e 10 de envergadura, transmite imagens em tempo real para a base, instalada em Santa Rosa, a quase 400 km de Porto Alegre, para esta operação. Ela possui localizador e sistema de infravermelho para imagens noturnas. Esses Vants chegam a 15 mil pés de altitude, o equivalente a 4 ou 5 km, e tornam-se imperceptíveis. Não é possível ouvir seu som ou vê-los a esta altura, devido à pintura cinza.

“Um barco ou helicóptero denuncia sua presença e faz com que algumas pessoas tenham tempo de fugir ou se desfazer da carga. O Vant, além de imperceptível, consegue identificar a atividade das pessoas, casas e já surpreendeu até fugas de barco. Sabendo a localização exata aí sim é enviado um helicóptero por exemplo”, explica o comandante do esquadrão, tenente-coronel Paulo Ricardo Laux.

A base operacional do RQ-450 é facilmente transportada e pode ser montada em praticamente qualquer lugar. O equipamento é composto por uma antena de controle e um shelter (abrigo em inglês) onde ficam as cabines dos pilotos. Duas aeronaves podem ser pilotadas simultaneamente de um único shelter. Mesmo que o procedimento seja feito por terra, os condutores dos Vants são experientes pilotos da FAB.

O RQ-450 pode percorrer mais de 250 km a 95 km por hora. Ele chega a voar 16 horas sem parar e consome seis litros de gasolina de aviação por hora. A aeronave pesa 450 kg, também por isso quando algum componente do sistema é trocado são feitos diversos testes antes da decolagem. Não se pode correr o risco que um avião desses caia e fira civis.

Um rebocador com um computador que faz os check lists nos componentes de motor e de comando de voo do Vant conduz a aeronave até a pista. Quando está em posição a proteção da lente da câmera, que se move em 360°, é retirada e o rebocador sai. Depois disso, o avião decola comandado pelo piloto no shelter. A rota pode, inclusive, ser pré-programada.

Enquanto um dos RQ-450 está sendo usado na operação Ágata 2, o outro está na base do esquadrão, criado em abril deste ano. A segunda aeronave foi usada em agosto na operação Ágata 1 na Amazônia. O foco na ocasião era coibir especialmente a extração e contrabando de madeira.

Conforme o comandante do esquadrão, mais dois Vants foram adquiridos pela Força Aérea. Assim como as que já operam, as aeronaves são de fabricação israelense. Mas já existe a perspectiva de se fabricar Vants no Brasil. “Não queremos inibir a indústria nacional, inclusive a Embraer já estuda a fabricação dessas aeronaves”, diz Laux.

Os Vants podem ter diferentes tamanhos e ser usados para outras finalidades. Os ingleses, por exemplo, tem um modelo menor em uso no Afeganistão para encontrar minas com a finalidade de defender a tropa. Os oficiais da Força Aérea Brasileira vão ainda mais longe e acreditam no dia, não distante, em que aviões controlados por terra poderão ser tripulados.

Fonte: Terra, via Poder Aéreo / Foto: Nabor Goulart

4 COMENTÁRIOS

    • Considerar que a operação de VANTs irá determinar o fim das operações com helicópteros é a mesma coisa que supor que a instalação de câmeras de monitoramento nas cidades irão determinar o fim das viaturas no patrulhamento.

      • Essa história é recorrente não só aqui no site, mas também em outros sites, fóruns, seminários e até em conversas informais.

        Tive a oportunidade, na construção da proposta do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil sobre Aviação de Estado (Aviação Pública), discutir muito sobre esse assunto, inclusive estudando normas de outros países (principalmente a norma inglesa). A OACI (ICAO) possui estudo sendo elaborado sobre o assunto. Nessas discussões (inclusive reuniões formais) com a indústria, Polícia do Pará, comissões de polícias estaduais que estudam o assunto, especialistas do Exército Brasileiro, Força Aérea e ANAC, etc, chegamos a uma proposta de subparte sobre o emprego do VANT na atividade de segurança pública.

        Nessas conversas percebi o “medo” de alguns dizendo que a operação do helicóptero iria acabar, outros vendo o assunto com certo descrédito, outros querendo comparar o VANT ao aeromodelo, outros com receio quanto ao uso do espaço aéreo e por ai vai……

        Na realidade, o VANT é um novo paradigma e já faz parte do nosso dia a dia e será um questão de tempo o seu uso integrado com a operação de aviões e helicópteros.

        O VANT, hoje, está passando pelo mesmo processo que passou o balão, o avião e o helicóptero no século passado.

        O VANT será integrado na operação, mesmo porque, ele não substitui uma operação SAR, Policial, Resgate, mas pode ajudar, por exemplo, na localização de uma aeronave acidentada, de pessoas perdidas na mata, de pessoa no mar, embarcações a deriva, fiscalização ambiental, busca de infratores da lei, etc. Sua aplicação será múltipla, mas quem fará o salvamento dessas pessoas será o helicóptero.

        Outra coisa que percebi nas conversas e debates é que o VANT, para ter sucesso, “deve” estar associado a uma unidade aérea, muito embora esteja ligado, em alguns casos, na área de inteligência. Porque? Porque a Aviação possui filosofia, cultura, legislação, etc, próprios, além de possuir órgãos específicos responsáveis por ela (ANAC e DECEA). O DECEA, inclusive, possui regulamento (AIC-N 21) sobre o emprego no VANT.

        O VANT utiliza o espaço aéreo, assim, tanto os equipamentos como seus operadores deverão estar engajados na Aviação, pois utilizarão o mesmo espaço que aeronaves tripuladas utilizam.

        Por derradeiro, o VANT é uma excelente ferramenta de apoio e já é uma realidade, agora basta sabermos como integraremos seus operadores e equipamentos num espaço aéreo em que voam aeronaves tripuladas.

        Esse é o desafio, não só do Brasil, mas do mundo.

        Eduardo Beni
        Maj PM – GRPAe/SP

  1. Prezado Major Beni,

    Absolutamente correto ! Não há dúvida que o VANT estará presente nas operações militares, policiais e de vigilância do Meio Ambiente. E deve fazer parte das Unidades Aéreas, ou pelo menos trabalharem integrados.
    O VANT jamais substituirá um helicóptero, seja de radipatrulhamento aéreo, resgate, transporte aeromédico, assalto, transporte de tropa, etc… . Ao contrário, será os olhos avançados da missão.
    Um bom tema para a aviação de segurança pública estudar e formar uma opinião única para subsidiar as autoridades.

    Como bem voce cita, o VANT está na sua primeira fase: quem pode operar? pra que serve ? mais um para ocupar o espaço aéreo? Assim foi quando alguns policiais começaram a voar.

    CMTE AYRES – PLAH 0552.

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