Cresce participação feminina no GRAESP/PA

Graesp terá a segunda mulher a pilotar uma aeronave na corporação e a primeira a pilotar um helicóptero na Região Norte

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Pará  – A participação feminina na aviação ainda é pequena, no entanto, a importância de mulheres como Thereza de Marzo, Anésia Pinheiro Machado e Ada Rogato – que foram as primeiras brasileiras a comandar aeronaves – eternizou os seus nomes na história da aviação. Essas figuras abriram as portas do segmento e inspiraram outras pilotos. De acordo com dados de 2020 da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (abear) o número de pilotos e copilotos com licença ativa cresceu de 27 mil para 30 mil. Desse total, apenas 3% dos pilotos e copilotos são mulheres, enquanto esta parcela é de 67% entre os comissários.

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Foto: alex ribeiro/ag para

A realidade do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (GRAESP) também está mudando ao longo desses dois anos. Há 1 ano e 8 meses a corporação tem a primeira piloto de avião, a Tenente Suzane Gomes. Ela está há 14 anos na Policia Militar (PM) e encontrou na aviação a realização profissional.

A Tenente conta que executou muitos cursos para se profissionalizar, e que seu ingresso no Graesp tornou esse espaço viável para outras mulheres, como a escrivã da Policia Civil (PC), Cybelle Mota, que viajará a Curitiba no próximo mês, para concluir as últimas etapas do curso de formação de piloto de helicóptero. Ainda este semestre ela se tornará a primeira mulher piloto de helicóptero, não só do Pará, mas da região Norte do Brasil.

“Eu sou a pioneira, a primeira mulher a pilotar um avião no Graesp. O importante para mim é abrir as portas, que venham mais mulheres. Hoje eu tenho uma colega de profissão, a escrivã Cybelle Mota que está concluindo o curso de piloto de helicóptero. O principal em ser mulher, é saber que é possível. Todos os lugares que nós desejamos ocupar, são possíveis, desde que a gente se qualifique, se profissionalize. A educação de fato constrói pontes”, explicou Suzane.

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Tenente Suzane Gomes (Ivan Duarte / O Liberal)

Para ser piloto de avião ou de helicóptero, é preciso fazer um curso teórico, prova teórica, passar no certificado médico da Aeronáutica, além de realizar horas de voo na pratica etc. Até chegar aos último cursos. Já nas empresas de linhas áreas comerciais, são outros cursos, pois são aeronaves diferentes, conta Cybelle.

A escrivã reflete o momento em que vive e diz que está reescrevendo a sua história, pois com 43 anos e duas filhas não desistiu. E, em breve, poderá se tornar piloto. A história na aviação vem desde a parte comercial dos voos de uma empresa aérea. Mas foi na PC e com o apoio de sua equipe de trabalho que está se tornando piloto.

“Eu agradeço muito à Delegacia de homicídio, de onde eu vim. Ao delegado Walter Rezende, que me permitiu estar aqui. Ao coronel Armando, coronel Freitas, um amigo de longa data que sempre me falava com brilho nos olhos da aviação. À tenente Suzane, que na época em que eu estava estudando pra prova da Anac sempre me incentivou muito. Precisamos de mais mulheres aqui dentro”, disse.

Sobre representatividade, Cybelle diz ser uma responsabilidade grande e que ainda se arrepia ao lembrar, pois o cenário é possível, graças a tenente Suzane. A escrivã conta que, mesmo inseridas em um ambiente militar, foi bem acolhida. Não encontrou um ambiente machista, ao contrário, os colegas vibraram quando souberam que ela seria piloto de helicóptero.

“Aqui eu fui muito bem recebida, apesar de um ambiente militar, homens com um ‘no hall’ de aviação altíssimo. Aqui eu não encontrei um ambiente machista, eles vibraram quando souberam que eu iria para o helicóptero. Então outras mulheres que chegarem aqui, serão muito bem recebidas… Quando a gente conversa com algumas colegas e dizemos que estamos no grupamento, algumas nem imaginavam que isso era possível. A gente quer mais mulheres aqui dentro, precisamos delas. Tem muita aeronave e pouca mulher pra pilotar”, ressaltou.

Esperança pelo céu de todo o Pará
Ao longo desses quase dois anos, a Tenente Suzane Gomes realizou 200 horas de voo, a maioria, para levar às várias regiões do Pará carregamentos de insumos de vacinas contra a covid-19, equipes médicas e cilindros de oxigênio, relembrou.

“O que eu vou levar para a vida, além de ser a primeira mulher piloto do grupamento aéreo do estado, é que eu tenho 200 horas de voo, praticamente, todas para levar saúde para a população de todos os cantos do Pará. Chegamos em aldeias, nós levamos vacina e saúde. Isso torna o trabalho mais significativo, porque estamos levando esperança. Você se sente privilegiado por fazer isso”, comentou.

Além de levar esperança às pessoas que aguardavam pela imunização, Suzane diz que o céu do Pará, que a aviação, propiciou o seu bem estar mental. Antes de entrar na corporação ela escrevia poesia e era muito ligada à arte. Entretanto, o dia a dia e as demandas duras da vida militar a afastou da arte. Por 10 anos parou de escrever e só conseguiu voltar recentemente, após começar a pilotar avião.

“A gente lida com muitas coisas pesadas e precisamos criar uma casca para ter equilíbrio na profissão. Então, eu passei 10 anos sem escrever. Quando eu comecei a pilotar, após 10 anos de bloqueio, eu voltei a escrever os meus poemas e eu devo isso à aviação. Porque é uma terapia também. Estar ali em cima, é como se estivesse sendo abraçada por Deus”, finalizou.

Conheça a história de mulheres importantes na aviação mundial:
1922: Thereza de Marzo e Anésia Pinheiro Machado – 1ª brasileiras a pilotar um avião.

Thereza pilotou por 4 anos, mas após se casar com seu instrutor de voo, ele a proibiu de seguir na carreira.

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Escrivã da PC, Cybelle Mota (Ivan Duarte / O Liberal)

Anésia teve uma carreira mais longa, pilotou por 30 anos e dedicou sua vida a incentivar a presença feminina na aviação. A Federação Aeronáutica Internacional (FAI) a proclamou como Decana Mundial da Aviação Feminina por ter o brevê (diploma de piloto) mais antigo do mundo ainda em atividade.

1936: Ada Rogato – é a piloto mais conhecida da história da aviação brasileira.

1ª piloto de planador da América do Sul e, como piloto de avião, a 3ª terceira do Brasil;

1ª brasileira paraquedista;

1ª do mundo a dar um salto noturno de paraquedas nas águas da Baía de Guanabara;

1ª piloto agrícola do país a jogar inseticida nas lavouras atingidas pela broca do café;

Estrela de shows aéreos, seus voos acrobáticos e saltos de paraquedas promoveram a fundação de dezenas de aeroclubes.

1937: Amelia Earhart – 1ª mulher a sobrevoar o oceano atlântico em voo solo. Entrou para a história, mas sua carreira foi encerrada, após desaparecer enquanto sobrevoava o Oceano Pacífico sem deixar rastros, quando tentava voar ao redor do mundo.

1909: Helen Richey: 1ª mulher a ser piloto de linha aérea, obteve a licença de piloto privado aos 20 anos.

Recordista em permanência no ar;

Venceu uma corrida aérea em 1934;

Foi contratada pela pela Central Airlines (que depois foi adquirida pela United Airlines) para ser piloto. Na época não tinha mulheres no quadro de funcionários, em nenhum cargo.

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