Boa parte das más decisões que acontecem em um meio, provem de profissionais extremamente influentes, sim, os líderes são as pessoas que mais erram em um sistema.
Existe um padrão que o indivíduo observa. Dentro desse padrão ele recebe sinais do que acontece, ele tem duas vias a serem tomadas nesse sentido: reagir ao que ele percebeu, ou simplesmente ignorar o acontecido.
O nome disso é reconhecimento de padrões e ele é feito através da integração de informação de mais de 30 diferentes partes do nosso cérebro.
Um estudo de Harvard reuniu dados de 83 decisões erradas e chegou a algumas conclusões em relação a esse padrão que automaticamente reconheceremos.
Durante o Furacão Katrina, em 2005, o General Broderick era o responsável pelo gerenciamento de toda a catástrofe que aquele evento meteorológico poderia criar. Um dia antes dos diques se romperem e alagarem Nova Orleans, ele emitiu um comunicado mostrando que tudo estava sobre controle. Ele tinha informações que os diques apresentavam um vazamento fora do normal, porém, uma série de outras informações que tudo estava controlado. Como ele tinha um padrão posterior de outros furacões, imaginava que estava tudo tranquilo mesmo.
Foto: Leonardo Helicopters
A associação emocional que ele acabou fazendo foi em relação ao que ele havia passado em um momento anterior, onde os sinais que eram demonstrados agora pareciam ser iguais aos anteriores, infelizmente eles somente “pareciam”.
Nos momentos de maior necessidade, a nossa tomada de decisão tende a ser totalmente inconsciente. Os livros nos falam que existe um padrão que devemos seguir:
Observar e analisar as opções
Definir os objetivos, e
Analisar cada um dos resultados que teremos a frente.
Existem 3 fatores primordiais que podem nos levar a errar nesse processo decisório:
Presença inadequada de interesse próprio
Esse é um dos motivos que claramente nos mostra que o cockpit não deve ser uma democracia, nunca. Pense na seguinte situação: a tripulação está em orbita, e tem somente 10 minutos de espera de combustível, o controle informou que deverão aguardar mais 30 minutos em espera, sendo assim o comandante precisa decidir para onde alternar.
Se o cockpit uma democracia fosse, ele pediria por voto qual o melhor alternado. Em uma tripulação com 6 tripulantes, 5 decidissem por alternar o seu domicílio, que poderia ser o alternado menos provido de auxílio e mais longe, eles iriam alternar para essa longínqua localidade.
Mas como o cockpit não é essa democracia – Amém! – o comandante decide o que precisa ser feito, com o auxílio das informações que ele recebe do meio e da sua tripulação, isso, sim, é a garantia que a decisão será boa.
Ligações distorcivas
A nossa conexão com o meio, pode prejudicar em muito a tomada de decisão, seja por uma afinidade com alguma empresa, ou para um equipamento em específico. Por vezes um aviador prefere estar em um emprego que paga mal, porém ele tem um vínculo afetivo que o trava em decidir por mudar de emprego.
Aquele jovem que prefere ficar na casa dos seus pais, ao invés de gastar mais com moradia e experiências que ele nunca terá ficando em seu ninho. O conforto que uma conexão entrega pode colocar em xeque momentos em que a decisão deveria ter sido diferente.
Memória enganosas
A nossa memória de situações parecidas com a que enfrentamos em um presente ou futuro, podem influenciar na decisão que tomamos, ao pensar que estamos em uma mesma situação, quando em verdade não estamos.
Essas 3 condições que podem atrapalhar a decisão de um indivíduo tem por nome “red flags”. Sempre que for necessário tomar uma decisão, devemos dar atenção especial para eliminar esses 3 inimigos perigosos do processo decisório.
Foto: Airbus
Na aviação existem vários modelos de tomada de decisão que podem nos ajudar nesse processo: DECIDE, DODAR, T-DODAR, etc.
Mais do que o modelo de tomada de decisão, existem 3 tipos de proteção a nossa tomada de decisão:
Injetar nova experiência e análise
Buscar informações da tripulação é um dos elementos cruciais para essa ferramenta tão importante. Afinal, cada um terá uma diferente experiência em relação a algo, fomentar a comunicação de cada indivíduo na tripulação ativamente o grande trunfo que um líder deve sempre retirar de sua manga.
Introduzir desafios e debates
A sua influência vem através da liberdade que você entrega para o seu meio lhe comunicar e debater as diversas informações que recebe. De nada adianta você saber isso ou aquilo, se não sabe o que é o certo.
Ao conversar e comunicar com o meio, você terá uma diversidade de ideias novas, porém, todas devem estar centradas em um modelo de tomada de decisão.
Impor controle rígido
Repito o que eu disse anteriormente nesse artigo: “O cockpit não é uma democracia”.
Sim, a decisão final deve ser tomada sem viés, considerando todo esse contexto apresentado: onde você sabe quando uma red flag vai ser erguida – do que pode levar a sua decisão errada – e principalmente das ferramentas que você deve utilizar, sem nenhuma economia.
Nesse sentido, você pode daqui para frente trabalhar e entender as decisões que foram totalmente erradas, mesmo em um ambiente que entregava tudo de maneira tão concisa e clara.
A carreira de qualquer profissional – principalmente na aviação – depende de uma quantidade enorme de decisões em seu caminho.
Utilizar do que você percebe é muito melhor do que tomar um atalho para conseguir algo que você pode se arrepender.
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